1/3 dos formiguenses são hipertensos

Cidade possui uma população cadastral de 66.341 pessoas na Rede Pública de Saúde, sendo 22.791 hipertensas

1/3 dos formiguenses são hipertensos
A hipertensão é uma doença crônica, que uma vez contraída não tem mais cura e sim acompanhamento - Foto: CCRMed/Reprodução




Formiga tem 68.248 habitantes e um terço dessa população é hipertensa. O cálculo foi feito a partir dos números de pessoas com pressão alta cadastradas na Rede Pública de Saúde do Município, 22.791, e divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde.

Segundo a pasta, a cidade possui uma população cadastral de 66.341 pessoas com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, entre outras. Desse total, mais de 22 mil são hipertensas.

A coordenadora da Atenção Primária em Formiga, Geisiane Aparecida da Silva, disse que esses hipertensos são cadastrados e acompanhados pela Secretaria de Saúde. “Os 22.791 hipertensos estão distribuídos nas 20 equipes da Atenção Primária que temos e eles são acompanhados a cada 6 meses no município. Isso é uma política do Estado que temos que seguir. O acompanhamento também é um dos indicadores do Previne Brasil, que é uma política que vem trazendo os índices de desempenho de qualidade da assistência em saúde prestada na Atenção Primária”, contou.

Geisiane ressaltou que a hipertensão é uma doença crônica, que uma vez contraída não tem mais cura e sim acompanhamento. “É importante enfatizar que, se essa doença não for controlada, ela evolui para uma hipertensão descontrolada, podendo atingir órgãos alvos e causando doenças como nefropatia, retinopatia, infarto do miocárdio e AVC”, alertou.

Um médico da Rede Municipal de Saúde contou para o jornal, pedindo que seu nome não fosse revelado, que o número de hipertensos em Formiga é muito maior do que o cadastrado. “Tem pessoas que vão tratar a hipertensão com médico particular e o profissional não comunica os casos com a Secretaria de Saúde”, ressaltou.

 

O vilão da hipertensão

Um alimento considerado vilão para os hipertensos é o sódio, que é muito usado nos produtos industrializados. Na semana passada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou um relatório que apontou que 28% dos produtos industrializados monitorados por autoridades brasileiras em 2020 e 2021 não atingiram as metas estabelecidas para a redução de sódio.

De acordo com a Anvisa, as categorias classificadas como críticas são biscoito salgado, bolos prontos sem recheio, hambúrgueres, misturas para bolo aerado, mortadela conservada em refrigeração, pães de forma, queijo muçarela e requeijão.

 

O relatório cita, entretanto, “alentador progresso” observado em algumas categorias, como o caso de biscoitos doces tipo maria e maisena, indicando “uma tendência positiva”. “Ao ponderarmos sobre a oscilação nas amostras de batatas fritas e palhas industrializadas e a conformidade consistente dos cereais matinais, torna-se evidente que diferentes categorias demandam abordagens específicas”, pontuou a Anvisa.

Já a análise das categorias caldos em pó e em cubo, temperos em pasta, temperos para arroz e demais temperos, segundo o relatório, aponta dificuldades e avanços no monitoramento do teor de sódio em alimentos industrializados, com algumas categorias mantendo a conformidade e outras exigindo esforços adicionais.

“No cenário mais amplo, identificamos tanto progressos quanto desafios persistentes na redução do teor de sódio em alimentos industrializados. A análise abrangente do panorama brasileiro revela que o país enfrenta obstáculos significativos para atingir as metas regionais estabelecidas na diminuição do consumo de sódio, apresentando a menor adesão em comparação com outros países da América Latina e do Caribe. Isso sublinha a urgência de reavaliar e aprimorar as estratégias atualmente em vigor. A colaboração contínua entre órgãos reguladores, a indústria alimentícia e a sociedade civil permanecem fundamental para atingir as metas preestabelecidas e incentivar hábitos alimentares mais saudáveis”, destacou a agência.

O monitoramento se pautou na determinação do teor de sódio de amostras de produtos industrializados coletados em estabelecimentos comerciais e agrupadas conforme categorias pactuadas em acordos estabelecidos entre o Ministério da Saúde e o setor regulado.

A coleta e análise das amostras ocorreram de janeiro de 2020 a dezembro de 2021. Nesse processo, um fiscal da vigilância sanitária estadual foi responsável pela coleta em locais estratégicos, como mercados e estabelecimentos de venda de alimentos industrializados, seguindo um plano amostral nacional.

As amostras foram enviadas aos laboratórios centrais de Saúde Pública (Lacen) e ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), onde foram realizadas análises de sódio conforme metodologias oficiais, além da verificação da rotulagem.

O nutricionista Johnatan Braz considera as metas estabelecidas não serem atingidas para a redução de sódio uma falta de respeito com o consumidor final, uma vez que as indústrias tiveram tempo hábil para adequação de seus produtos. “O excesso de sódio está associado com o acúmulo de água em nosso corpo. Onde tem sódio, tem água. Este excesso promove aumento da pressão arterial que está associada com doenças cardiovasculares. Além de sobrecarregar coração, artérias, veias, cérebro e rins, o acúmulo de água traz desconforto ao indivíduo como inchaço nos membros inferiores e região abdominal. A redução no consumo de sódio está associada com uma melhor saúde cardiovascular. Não haverá sobrecarga no sistema, além de reduzir os desconfortos causados pelos inchaços”, explicou.