2024 foi o ano mais quente em Formiga

Análise foi feita nos últimos 18 anos pelo formiguense Marco Aurélio Machado, com base em registros da Estação Meteorológica instalada no Unifor-MG

2024 foi o ano mais quente em Formiga
No levantamento feito por Marco Aurélio, a temperatura média ao longo de 2024 em Formiga foi de 22,5°C, número não alcançado em nenhum ano no período de 18 anos




O aquecimento global é real e preocupante. 2024 foi o ano mais quente em Formiga. A constatação vem de uma análise feita nos últimos 18 anos (2007 a 2024) pelo formiguense Marco Aurélio Machado, com base em registros da Estação Meteorológica que pertence ao Instituto Nacional de Meteorologia e está instalada no Unifor-MG.

Marco Aurélio, que é professor de climatologia na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, disse que, desde que a estação foi inaugurada em Formiga, ele vem tendo acesso aos dados, que são públicos e disponibilizados remotamente. A pesquisa nasceu por vontade própria.

Segundo o levantamento feito por Marco Aurélio, a temperatura média ao longo de 2024 foi de 22,5°C, número não alcançado em nenhum ano no intervalo analisado. “No período, a menor média atingida ocorreu em 2008 (20,9 °C). Parece pequena a diferença em 17 anos (1,6°C), mas como se trata de uma média anual, torna-se um valor bastante expressivo. Isso não significa que os picos máximos de temperatura tenham sido atingidos em 2024, mas que ao longo desse ano as temperaturas se mostraram muito acima daquelas dos anos anteriores, sejam no inverno ou no verão. Até porque, as mais altas temperaturas observadas, chamadas de máximas absolutas, ocorreram em outubro de 2020 (37,8°C), setembro de 2021 (35,7°C) e setembro de 2023 (37,6°C). Por outro lado, as temperaturas mínimas absolutas tiveram um comportamento oscilante, ora próximas às médias (3,8°C em julho de 2021) ora muito mais elevadas (7,8°C em agosto de 2019)”, explicou o professor.

De acordo com ele, em 2023, durante oito dias consecutivos (12 a 19 de novembro), as temperaturas máximas foram sempre superiores a 35,5°C. “Nos 12 primeiros anos da série (2007 a 2018), a temperatura média evoluiu de 21,4°C para 22,1°C. Já as mínimas absolutas saltaram de 5,7°C para inacreditáveis 9,1°C”, completou.

Diante dos dados e dos fatos preocupantes em relação ao aquecimento, o professor indaga se os poderes públicos, em especial o Executivo Municipal, estão preparados para essa nova realidade. “A conclusão é tão óbvia quanto preocupante: Formiga está muito mais quente nos últimos 5 anos em comparação com os 13 anos anteriores. Por certo que 18 anos é um intervalo que dá margem a discussões sobre se são mudanças irreversíveis ou uma variabilidade climática somente, mas não resta dúvida de que se trata de uma tendência temporal bastante consistente”, afirmou.

O formiguense Marco Aurélio Machado, que fez a pesquisa

 

 

Janeiro de 2025 bate recorde de temperatura

A revista Fórum trouxe nesta semana uma reportagem que revela que janeiro de 2025 bateu recorde de temperatura, sendo considerado o mês mais quente já registrado na história do planeta. A análise foi feita pelo Serviço Copernicus para Mudanças Climáticas da União Europeia.

Segundo a reportagem, o mês registrou temperaturas globais médias 1,75 °C mais quentesdo que os níveis pré-industriais, com temperatura do ar na superfície chegando a 13,23ºC.

“O registro contrariou as expectativas de cientistas que apontavam que o ano de 2025 poderia ser mais frio do que 2024, que foi considerado o ano mais quente da história, mas ainda assim ser um dos mais quentes desde a Revolução Industrial. Porém, com o registro recorde de janeiro de 2025, os dados apontam que, de fevereiro de 2024 ao primeiro mês deste ano,o planeta ficou 1,61°C acima da média estimada de 1850-1900 usada para definir o nível pré-industrial. Um ponto que chama atenção dos cientistas é o fato de que, diferente dos anos anteriores, o fenômeno El Niño, consequência do aquecimento das águas do Oceano Pacífico Central, não está ativo. Pelo contrário, o mundo está sob efeito da La Niña, que ajuda a reduzir as temperaturas globais”, diz. 

Samantha Burgess, líder estratégica para o clima do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF, na sigla em inglês), afirmou que janeiro de 2025 foi um mês surpreendente, dando continuidade as temperaturas recordes observadas nos últimos dois anos, apesar do desenvolvimento das condições de La Niña no Pacífico tropical e seu efeito de resfriamento temporário nas temperaturas globais.

De acordo com o Copernicus, os registros indicam "uma desaceleração ou interrupção na transição" para o La Niña, que pode desaparecer completamente até março. "É isso que torna a situação um pouco surpreendente. Não estamos vendo esse efeito de resfriamento, ou pelo menos uma pausa temporária na temperatura global, que esperávamos observar", disse Julien Nicolas, cientista climático do Copernicus.

Os locais onde as temperaturas foram registradas acima da média foram o sudeste da Europa, nordeste e noroeste do Canadá, Alasca e Sibéria, sul da América do Sul, África e grande parte da Austrália e Antártica.

Primeiro mês do ano foi considerado o mais quente já registrado na história do planeta - Foto: Pixabay / Reprodução