A corda
Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Policial exemplar, Donizete da Silva, o Cabo Donizete, ganhou fama também como um dos melhores árbitros de futebol da região. Foi destaque no curso de Juízes da Federação Mineira e só não seguiu carreira na CBF por não querer se afastar da Cidade das Areais Brancas, pela qual, garante sempre, é apaixonado.
Na política, por três vezes foi o primeiro suplente a vereador e, por um triz, ainda não ocupou uma das vagas no Legislativo formiguense (dizem que, na próxima eleição, uma cadeira é dele).
Há uma história que aconteceu com o Cabo Donizete, que seu concunhado Landico até dobra de rir ao contar.
No início dos anos 90, Donizete comprou um Corcel – II novinho. O carro era, como se dizia na época, uma bala. Pagou à vista e foi à casa de Landico para mostrar o bom negócio:
__Vamos dar uma voltinha, Landico. Cê vai ficar impressionado, tá muito conservado...
__Cê tá é doido. Cê tá acostumado com fusquinha e vai é matar a gente.
__Deixe de ser bobo. Vamos lá!
Fingindo medo, Landico entrou no carro. “O Donizete custava a fazer curvas, achava o volante muito grande, o carro dava muito pulo porque ele não conseguia dominar a embreagem”.
__Cutuca, peão!, brincava o locutor.
Passaram pelo centro da cidade e Landico viu que o combustível estava na reserva:
__Ô Donizete, põe gasolina, senão a gente vai ficar no meio da rua.
E foram para o Posto Dois Mil. Ao chegarem, um frentista gritou:
__A corda, Cabo Donizete! A corda!
__O quê?
__A corda!
__Mas eu tô acordado!...
E “vruuummm”, Donizete avançou com a frente do carro sobre uma corda que estava isolando uma área onde um pedreiro acabara de cimentar.
Depois do susto, Landico se diverte: “A corda estava amarrada na bomba. Começou a sair um monte de faísca e eu só via os funcionários do posto pulando por cima dos carros e saindo correndo. Eu abri a porta e quase caí dentro do Rio Formiga”.