Apenas 58% das crianças formiguenses foram vacinadas contra a pólio
Meta do Ministério da Saúde é 95%; campanha termina dia 30

A cobertura vacinal em Formiga contra a poliomielite, doença que causa a paralisia infantil, não está satisfatória diante do que é recomendado pelo Ministério da Saúde. De janeiro a 18 de junho deste ano, apenas 1.757 crianças menores de 5 anos, de uma população média de 3.000, foram imunizadas contra a pólio, ou seja 58% delas. A meta preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95%.
Os dados foram calculados a partir de números informados pela Secretaria Municipal de Saúde. Em Minas Gerais, a cobertura vacinal contra a poliomielite também está abaixo da meta preconizada pelo Ministério da Saúde. A cobertura desse imunizante no estado, em 2023, foi de 87,88% em menores de um ano, e de 81,58% em crianças com um ano de idade. Já em 2024, no período de janeiro a março, foi de 88,39%, em crianças menores de um ano de idade, e de 81,97%, em crianças com um ano de idade.
O subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais – SES/MG, Eduardo Prosdocimi, alerta para a importância da vacinação contra a doença. “A vacina é segura e a única forma de prevenção contra a poliomielite. Há mais de 30 anos não temos casos da doença e isso só foi possível com a vacinação. Não podemos correr o risco de expor nossas crianças a esse vírus novamente”, adverte.
O último caso de poliomielite no Brasil foi em 1989 e o país foi certificado livre do poliovírus selvagem em 1994. No entanto, em 2023, o Brasil foi classificado como de alto risco para reintrodução do vírus e, por isso, a vacinação é crucial.
O Rotary Clube foi um grande colaborador para a erradicação da doença no país e em vários lugares do mundo. A entidade abraçou a luta contra a doença em 1979 e trabalhou muito para levar a imunização a milhares de crianças.
Campanha de vacinação
A vacina contra a poliomielite faz parte do calendário de rotina do Programa Nacional de Imunização (PNI), é gratuita e está disponível durante o ano todo. No entanto, diante da baixa cobertura vacinal que ocorre não só em Formiga, mas em várias cidades do Brasil, a Campanha Nacional contra a Poliomielite, que começou no dia 27 de maio, foi prorrogada para até o dia 30 de junho. No sábado passado, dia 15, foi realizado o ‘Dia D’ de vacinação em Formiga, com a presença do Zé Gotinha nas Unidades Básicas de Saúde. O resultado foi 775 crianças vacinadas, um índice de 25% das 3.000 que precisam da imunização na cidade.
A Prefeitura Municipal divulgou que as doses da vacina contra a pólio estão disponíveis em todas as UBSs. “Para menores de um ano são três doses da vacina, aos dois, quatro e seis meses de vida. Já as crianças de um a quatro anos que estiverem com esse esquema vacinal completo deverão receber a dose oral da vacina”, informou.
Por que o brasileiro está deixando de se vacinar?
As baixas coberturas vacinais que ocorrem ultimamente não só em Formiga como em vários lugares do Brasil são resultado de questões políticas, medo e fake news que ocorreram na pandemia da Covid-19. Na época, o Brasil era governado pelo presidente Jair Bolsonaro, que foi o único líder político da história a desencorajar a vacinação, conforme afirmou o historiador francês Laurent-Henri Vignaud à BBC News Brasil.
Bolsonaro passou meses, durante a pandemia, fazendo abertamente comentários que desestimulavam a imunização da covid-19, criando dúvidas em relação a eficácia da vacina para combater a doença.
Diante da propagação de fake news de que as vacinas fazem mal à saúde e podem até levar à morte, muitos brasileiros passaram a rejeitar os imunizantes e se recusam a tomar as doses contra vários tipos de doença.
Quais as consequências da Poliomielite
A poliomielite, conhecida como paralisia infantil, é uma doença altamente infecciosa, causada pelo poliovírus, que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total em questão de horas. O vírus é transmitido de pessoa para pessoa, principalmente por meio da via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um veículo comum (por exemplo, água ou alimentos contaminados) e se multiplica no intestino.
Os sintomas mais frequentes da doença são febre, diarreia, mal-estar, prisão de ventre, dor de cabeça, espasmos, dor de garganta e no corpo e rigidez na nuca. Assim, as principais sequelas da doença são: problemas e dores nas articulações; pé torto; crescimento diferente das pernas; osteoporose; paralisia de uma das pernas ou dos músculos da fala e da deglutição; dificuldade de falar; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.