Baixas e altas do campo

Entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025, pelo menos 153 mil trabalhadores perderam seus empregos na agricultura, no Brasil. É o que indicam dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgados na sexta-feira (28), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O instituto lista o agro entre as sete atividades econômicas que registraram demissões no país no trimestre encerrado em fevereiro deste ano.
Manchete do Valor Econômico desta segunda-feira (31) também vem alertando que o número de trabalhadores no campo chegou ao menor nível desde 2012. Durante todo o ano de 2024, a ocupação no setor caiu 3%, para 7,88 milhões de pessoas. Foi o terceiro ano seguido de queda, segundo o jornal.
O desempenho foi no sentido contrário ao do mercado de trabalho nacional, que obteve crescimento de 2,6% no número total de trabalhadores no ano.
A redução dos postos de trabalho vem na contramão também do crescimento da agropecuária, que avançou 3% por ano, em média, na última década, no país.
Mas há explicações para a alta desocupação no setor. Especialistas relatam que o movimento reflete um modelo de crescimento do agro pautado em tecnologia e ganhos de produtividade.
O aumento do uso de tecnologias na agropecuária vem gerando uma demanda crescente por trabalhadores com maior qualificação. Sendo que aqueles com baixa qualificação, estão sendo substituídos por máquinas.
Os baixos salários da agropecuária em comparação com os outros setores, é outro motivo citado. Na reportagem, o Valor Econômico reproduz declaração atribuída ao presidente da Contar (Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais), Gabriel Bezerra, de que, este é, hoje, “o principal fator que empurra os trabalhadores para fora das fazendas, além da falta de boas condições de trabalho de maneira geral”.
Cida Leal é jornalista, escritora e membro da Academia Formiguense de Letras