Bolo de vida
Robledo Carlos (de Divinópolis)

As vibrações harmônicas são meio que mantras que gosto de ouvir, sons do nada, silêncios de mim.
Gosto de ouvir passos em transeuntes que nem me observam.
Adoro o grito do sol a se pôr nas montanhas vermelhas que eu criei.
Das janelas de madeira, emperradas, que teimam em não dormir, iguais a mim, essas são em sonhos, agora deslizam entre vitrais e persianas silenciosas!
Queria um casarão, mesmo que velho, com tablados de sons de botinas e esporas a raspar o mesmo, ouvindo gente prestes a dormir, a se despedir do dia e agradecer pelo feijão.
Aquele cheiro de casa, de lençol limpo e de jarro com jasmins.
Queria todos debaixo desse teto, de telhas que ouvem em silêncio o meu clamor.
Parece meio que triste, mas é de riqueza desmedida, de suspiro de fala em gratidão!
Nesse mistério de que cresce meu pé de limão, onde ele tira minha acidez.
Do mistério de limão frito e alcaparras, não combina, não harmoniza e eu nunca tentei fazer, não gosto de alcaparras.
É preciso que deixe marinar, caso queira, deixe seus mistérios por três minutos, em gratidão!
Não leve ao forno, guarde no coração!