Cidade se prepara para movimentos da Consciência Negra

Entre os dias 18 e 24 de novembro, Formiga contará com diversas atividades que promovem a valorização da cultura e da comunidade negra

Cidade se prepara para movimentos da Consciência Negra
Reunião promovida pelo vereador Tocão discutiu a programação da Semana da Consciência Negra em Formiga




Novembro começou e Formiga já se prepara para os movimentos da Consciência Negra, que é celebrada em todo o Brasil no dia 20 deste mês. Entre os próximos dias 18 e 24, a cidade contará com diversas atividades que promovem a valorização da cultura e da comunidade negra.

Em Formiga, a Lei Municipal 6.195, criada no dia 7 de março deste ano e de autoria do vereador Luiz Carlos Tocão, institui a Semana da Consciência Negra, a qual contará com diversas atividades relacionadas ao tema. Há também no município o projeto “Raça Negra para Todos”, que é desenvolvido há 15 anos pela formiguense Maria Teresinha de Faria, mais conhecida como Terê Faria.

 

Semana da Consciência Negra

A Semana da Consciência Negra será promovida pelo vereador Tocão, em parceria com a Prefeitura e pessoas integrantes do movimento da raça negra na cidade. Na quarta-feira, 30 de outubro, o vereador promoveu uma reunião na Câmara Municipal para discutir a programação das atividades. Estiveram no encontro representantes do Poder Executivo, como professores; de conselhos, entidades, da sociedade civil e da vereadora Joice Alvarenga, como a assessora Maria Vitória.

Segundo Tocão, a programação ainda não foi concluída, mas deverá ser divulgada em breve. “Ela contemplará atividades nas escolas públicas municipais, espaços públicos e também está prevista uma roda de conversa com temas diversificados. Há algumas escolas estaduais que já estão me procurando querendo integrar também a Semana da Consciência Negra”, contou.

Para o vereador, a expectativa é que a semana seja de representatividade, participativa e de conscientização da luta antirracista, com ênfase na valorização da cultura e comunidade negra.

 

‘Raça Negra para Todos’

O projeto “Raça Negra para Todos”, da Terê, já está com sua programação definida. Para este ano, a iniciativa está amparada pela Lei Aldir Blanc (Lei Federal nº 14.017/2020), que estabeleceu medidas emergenciais para o setor cultural e criativo durante a pandemia de Covid-19. A lei teve como objetivos garantir renda emergencial para profissionais do setor cultural e criativo; subsidiar a manutenção de espaços culturais que tiveram suas atividades interrompidas e promover ações de fomento à cultura, por meio de editais e prêmios.

Segundo a Terê, graças aos recursos destinados pela Lei Aldir Blanc, ela conseguiu ampliar o seu evento. “Do dia 18 a 24 de novembro, serão realizadas várias atividades relacionadas à cultura afrodescendente na cidade. Teremos ações em sete escolas, palestras, apresentações de Capoeira e outras danças, desfile, exibição de filmes no Cine Josué, concurso de poesia da consciência negra, visita de deputadas e possivelmente ministras na cidade e apresentações musicais”, contou.

A idealizadora do “Raça Negra para Todos” disse que, no dia 24 de novembro, domingo, está agendada na quadra da Asadef, a partir das 12 horas, apresentações de Capoeira (Quilombo das Gerais), de balé, do projeto Vem Dançar, de DJ (Samba e Pagode) e da Banda Expresso Brasil (Samba e Pagode).

1º Movimento de Conscientização Negra em Formiga ocorreu em 1985

Idealizado pelo escritor e jornalista Manoel Gandra Fonseca e executado pelo também escritor e professor doutor Márcio Antônio Silva – Márcio Pretto, o 1º Movimento de Conscientização Negra em Formiga foi realizado em 1985. Ele ocorreu no ginásio Poliesportivo da Praça de Esportes e contou com diversas atividades, como congado, capoeira, dança e declamação de poesias.

Conforme contou Márcio Pretto, a ideia do movimento foi dada pelo Manoel quando ele e Márcio voltavam de um encontro da UNE – União Nacional dos Estudantes, no Rio de Janeiro, onde havia vários outros movimentos de diversidade estudantil. “Nós éramos do diretório acadêmico da Faculdade de Formiga, eu era o presidente e o Manoel, vice. Fomos a esse encontro representando os estudantes da instituição e, na volta, durante uma conversa, ele me sugeriu criar o movimento negro em Formiga”.

Segundo Márcio Pretto, em 1986, o movimento ganhou força e ocorreu novamente na cidade. “Ele foi bem maior, contou com aproximadamente 200 pessoas no ginásio e foi uma organização coletiva, com a participação de diversas personalidades negras. Nele, havia estudo. Eu acredito que não podemos fazer a folclorização da cultura africana, é preciso estudo, discussão teórica e fundamentação. Tivemos no segundo movimento uma missa e todas as canções apresentadas foram baseadas em músicas negras e no disco ‘Quilombo’, do Milton Nascimento. Na celebração, homenageamos, como representantes da comunidade negra, o Sr. Divino e Dona Cissa, da comunidade Alvorada, onde a meu ver é o reduto da comunidade do quilombo de Formiga. Depois disso, fui embora para o Norte de Minas trabalhar e o pessoal em Formiga até tentou dar seguimento ao movimento, mas não foi para frente”, relatou.

 

A formiguense Terê Faria desenvolve há 15 anos o projeto ‘Raça Negra para Todos’