Crônica: Açamuf Esporte Clube
Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Essa é mais interessante do que engraçada, mas pela curiosidade (e como já se passou muito tempo) deve ser contada.
Entre o final dos anos 70 e início dos 80, existia em Formiga um time de futebol chamado Açamuf Esporte Clube, o Aça, como era carinhosamente chamado. A equipe era formada por jovens rapazes estudantes dos mais conceituados estabelecimentos de ensino da cidade. Todos eram amigos de mesa de boteco e nunca treinavam, apenas jogavam.
O Aça participava de amistosos, que poderiam ser de futebol de salão ou de futebol de campo. O time mantinha sempre a mesma equipe e dificilmente aceitava a inclusão de novos atletas. Na história do Aça, nunca houve enxerto (enxerto é como se chamava o jogador que só era convidado para melhorar a qualidade técnica, não era da turma). Quem era do Açamuf jogava; se faltasse um, jogava-se com menos um. Não se admitia a entrada de quem não fosse da equipe. O time era, como se poderia dizer, uma panelinha.
Certa vez, foi marcado um jogo contra uma equipe de Pará de Minas. A disputa seria em um sábado à tarde no Country Clube. Muita gente assistindo à partida, e o irmão de um dos jogadores pegou uma camisa do time na sacola para fazer de bandeira. No intervalo, ele foi ao vestiário e viu pelo espelho que Açamuf era “fumaça” escrito ao contrário. Foi revelado o segredo: o pessoal do Aça era o pessoal da fumaça. O time acabou naquele dia, nunca mais jogou.
A característica mais marcante dos jogadores era a eterna calma e o excesso de paz. Não ganhavam nunca, mas também não brigavam nem discutiam se o juiz roubava.
A camisa do Aça era branca com detalhes vermelhos e o escudo era uma cópia do escudo do Formigão, só que, no lugar de FEC, vinha escrito Açamuf. Dos nomes dos jogadores, é claro, ninguém se lembra.