Crônica: Auditoria na Câmara
Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Durante o tempo em que Jaime Mendonça foi prefeito de Formiga (1989/1992), ele contou com uma significativa oposição na Câmara Municipal. Dentre os vereadores, havia pessoas das mais diversas, uns muito amigos do prefeito, como Moacir Ribeiro, e outros, oposição a qualquer custo, como Iuri Ronald, filho do ex-prefeito Ninico Resende, que havia levado uma balaiada de Jaime nas eleições.
Na média, o Poder Legislativo daquela época era igualzinho a todos os outros. Havia uns que nem sabiam de suas obrigações como vereadores (que não terão os nomes revelados), e outros (como Márcio Gato, Paulo Lopes e Rosária Bahia) que davam exemplos de dedicação, independência e responsabilidade.
A Câmara ia indo... ia indo...
Certa vez, Iuri resolveu atazanar a vida de Jaime e teve a idéia de pedir uma auditoria junto ao Tribunal de Contas, mesmo se nada de errado fosse encontrado; ele pelo menos estaria incomodando. Aconteceu o que era previsto, muita gente achou que era picuinha sem indícios, e os vereadores que davam suporte à Administração se uniram e votaram contra. Iuri não se entregou; passado um tempo, elaborou um novo requerimento. Perdeu de novo.
Foi então que ele teve uma grande idéia. Esperou passar um tempo e elaborou um novo documento. Só que, desta vez, não foi de auditoria. Iuri pediu uma “minuciosa análise contábil”. Como os vereadores governistas não sabiam (e ficaram com medo de perguntar) o que era uma “minuciosa análise contábil”, o requerimento foi aprovado.
O pessoal do Tribunal de Contas veio, fez a análise e chegou à conclusão de que não havia nada de errado. Como Iuri previa, pelo menos ele incomodou.