Crônica: Lula cá

No início dos anos 90, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Formiga comandando a sua Caravana da Cidadania, que percorreu todo o Brasil. Ele passou por vários municípios da região e chegou o dia em que visitaria a Cidade das Areias Brancas pela primeira vez.

A organização do evento ficou por conta do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores e da jornalista Dórian Vaz, que era ligada ao Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Ela, que é formiguense, é filha do conhecido médico José Pedro Vaz e isso facilitou que tudo desse certo.

No dia da chegada da comitiva (que teve até Leonardo Boff), os organizadores do evento descobriram que não havia locutor oficial para apresentar os visitantes em um comício que aconteceria na Praça do Terminal Rodoviário.

Procuraram um conhecido radialista, mas ele esperava um cargo na Prefeitura e achava que a proximidade com Lula poderia atrapalhar. Outro, amigo de Eduardo Brás, deputado do PSDB na época, também não quis ver seu nome envolvido.

Foi então que tiveram a idéia de chamar o radialista Gil Castro. Ele topou na hora.

No momento do ato, todo empolgado, Gil começa a chamar as autoridades que estavam na praça para subirem ao caminhão que servia de palanque. Chamou o Roberto Passos, o Paulinho do Sindicato (que era o presidente do PT formiguense), o deputado Nilmário Miranda, o deputado Virgílio Guimarães, o José Jamir Chaves. E todo mundo foi subindo.

Quando o palanque já estava cheio, chega o prefeito de Lagoa da Prata (o Zezinho do PT) com sua esposa. E Gil dá aquele fora:

__Eu gostaria de uma grande salva de palmas para esta senhora, que é a esposa do nosso querido companheiro Lula, disse o radialista, puxando a esposa do prefeito Zezinho pra frente do caminhão.

Como ninguém conhecia a primeira dama da cidade vizinha nem a Dona Marisa, esposa de Lula, todo mundo obedeceu e ovacionou. Só depois falaram para Gil Castro da mancada que ele tinha dado. Esperto, o radialista tentou consertar dizendo que aquela era a esposa do Lula, só que do Lula lá de Lagoa da Prata. Mas já era tarde.