Crônica: MACHUCA

AC de Paula (de São Paulo)

Crônica: MACHUCA
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Novo amanhã, novo dia, novo ano, e é preciso acreditar e renovar as esperanças seja lá no que for. Ninguém sabe no que vai dar e muito menos se a gente também vai estar lá no tal futuro, mas ele virá, cumprindo as expectativas da sua chegada.

Então só nos resta agora, no hoje, acreditar no novo amanhã que logo vai virar passado. E devemos manter os olhos focados no para-brisas da vida, claro que sempre é bom estar atento também ao retrovisor, mas nunca fazer dele o acessório principal da nossa existência. Afinal o passado é só um agora que se foi, e o hoje, de certa forma, já foi futuro do ontem.

E o tempo não é pássaro nem avião, mas voa, ontem ainda não era hoje, agora já é quase amanhã. É a tal roda da vida da qual somos apenas parte da engrenagem. Claro que temos uma importância relativa para o nosso convívio pessoal e familiar, mas a maioria absoluta do resto do mundo passa muito bem sem a nossa existência, aliás, nem mesmo sabem dela. Portanto, a roda da vida vai continuar a sua jornada muito bem sem você, sem mim e muitos outros.

O todo é muito mais importante do que a ínfima parcela que representamos. Então, melhor cair na real e seguir a tal viagem, sem sonhar que somos mais importantes do que realmente somos. Pode não ser o que você gostaria de ouvir no preâmbulo das festas natalinas e de um novo alvorecer. Mas é a verdade nua e crua, que mesmo bem passada ou ao ponto, machuca!