Crônica: Mata-burro
Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Além de colegas na “Rádio Difusora AM”, os locutores Mário Murari e Landico também trabalhavam juntos na Prefeitura de Formiga. O chefe do Executivo era Ninico Resende, e quem comandava o departamento de obras era o Amri Diniz.
Muito gozador, Landico não perdia uma oportunidade de aprontar pra cima de Murari.
Era uma segunda-feira, e Amri havia emprestado o seu carro, um Corcel 74, para que Mário Murari fosse até a comunidade de Albertos buscar um pessoal que tinha ido passar uns dias em São Pedro, nas Águas de Furnas. Como tinha pressa, corria tanto que caiu em um mata-burro e acabou com o carro. Conseguiu uma carona e, muito sem graça, foi contar o desastre a Amri, que com certeza iria esculhambar.Mário Ficou na ante-sala esperando que seu chefe desocupasse.
O tempo foi passando, e Mário começou a ficar com dores na barriga. Sentava, levantava, cruzava as pernas, suava frio, e nada de Amri poder atendê-lo. Aí ele teve a infeliz idéia de contar o que se passava ao Landico:
__Eu tô muito apertado. Fique aí enquanto vou ao banheiro e fale pro Amri que não é pra ele sair sem me atender.
Mário correu a um banheiro que ficava no final de um corredor no terceiro andar, mas foi logo impedido por Landico.
__Ô Mário, deixe eu ir na sua frente, que o meu caso é rápido. Depois, eu fico esperando o Amri pra você.
E Mário deixou. Só que Landico, de brincadeira, fechou a porta e começou a fazer hora. Mário quase morria do lado de fora.
__Pelo amor de Deus, Landico, eu tô passando mal.
Sem responder, Landico se contorcia para não explodir em gargalhada. Não teve jeito, Mário saiu correndo para o outro banheiro, só que Amri o viu e o chamou para saber o que ele queria. Dizem que o saudoso Murari dava até nó nas pernas sentado à frente de seu chefe, contando os detalhes do ocorrido.