Crônica: Nota de falecimento

Esta era contada pelo saudoso jornalista e radialista Mário Lúcio Murari, que garantia que era verdade (apesar de muita gente jurar que é pura mentira). No fundo, a história é muito divertida e deve ser registrada.

O ano era 1986 e Formiga ganhava a sua primeira emissora FM de rádio: a “Sistema-93”. O benefício foi trazido para a cidade pelo competente empresário e homem especializado em comunicação, o saudoso Antônio Leão da Silva.

Ex-ator de teatro, Leão fez da sua “Difusora-AM” uma das mais importantes e influentes emissoras do interior de Minas Gerais. Quando chegava um novo locutor, ele logo vinha com sua experiência e importantes recomendações. Era sucesso na certa.

Assim que entrou no ar a “Sistema-93”, Leão se deparou com um grave problema. Ele havia selecionado alguns locutores da “Difusora-AM” para iniciar os trabalhos da FM, mas a “atitude” deles não estava apropriada à postura jovem que deveria ser adotada pela nova emissora.

Em vez de grupo musical, eles falavam conjunto. No lugar de banda, diziam orquestra. Chegavam até a mandar recados para comadres e compadres. Tudo errado.

Foi então que Leão resolveu interferir. Chamou seu filho mais velho, o Sérgio, e disse que ele é quem deveria ser o principal locutor da FM. Jovem, inteligente, boa dicção, ele conhecia os trejeitos da moçada.

Tudo ia dando certo, até que teve um dia em que houve uma grande tragédia. A “Difusora-AM” teve um defeito em seus transmissores e o famoso locutor Landico não pôde trabalhar. Com um anúncio de enterro na mão, o Marquinho da Funerária teve de contratar os serviços da FM para divulgar o falecimento (os anúncios fúnebres eram só na AM).

Contava Mário Murari que Sérgio, muito entusiasmado, narrou assim o convite de enterro:

__E aí véio. Tá a fim de um programinha da pesada. Hoje tem um enterrinho esperto. Você que tá aí pronto pra agitar não pode ficar de fora. Olha aí galera, é às 17 horas, na Funerária do Marquinho. Vá lá e marque presença e tudo de booommm!

O velório foi um sucesso.