Crônica: O karatê

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: O karatê
Manoel Gandra é poeta e jornalista




Existem dois funcionários que trabalham na Secretaria Municipal de Comunicação que são pau pra toda obra: o radialista Ivar Salviano e o jornalista Wilson José.

Servidores exemplares, eles sempre foram distinguidos pelo profissionalismo e pela fidelidade ao chefe do Executivo, seja ele qual for. Entra prefeito e sai prefeito e lá estão eles em atividade e dando o que têm de melhor.

Durante todo o primeiro mandado do prefeito Juarez Carvalho, Ivar e Wilson trabalhavam juntos na Comunicação e, eventualmente, desenvolviam projetos e prestavam favores a outras secretarias.

O ano era 1995 e a dupla foi convocada pela chefia de Gabinete – que naquela época era exercida pelo brilhante advogado Paulo Eustáquio Ribeiro, que hoje presta serviços à Câmara – a ir a Belo Horizonte participar de uma importante reunião na Secretaria Estadual de Esportes. Lá seriam acertados detalhes sobre os Jimis (Jogos do Interior de Minas Gerais). A viagem foi marcada para as 4h30, pois a reunião começaria às 8 horas em ponto (para ficar mais barato, não deixaram que eles fossem um dia antes).

Começou a reunião e um senhor de nome Ataliba, um técnico de fala muito mansa, começou a enumerar os esportes selecionados para o torneio naquele ano. Como os trabalhos não se desenvolviam e Wilson estava muito cansado, ele acabou pegando no sono.

Lá pelas nove e meia, Seu Ataliba começa a questionar se deveriam ou não ser incluídas artes marciais nos jogos:

__Eu gostaria de saber o que cada cidade acha de este ano termos karatê na competição, disse o técnico.

Cada cidade foi dando seu palpite, até que perguntaram à dupla dinâmica de Formiga. Ivar deu uma cutucada pra acordar Wilson, que levou um susto:

__O que é que foi? O que é que foi?

__O Seu Ataliba quer saber o que você acha do karatê, explicou Ivar.

Sonolento e sem saber onde estava, Wilson deu aquela resposta histórica:

__Uai, na atual situação, eu acho que o cara tê é muito melhor do que o cara não tê.

A alegria da galera foi geral.