Crônica: O peruzão

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: O peruzão
Manoel Gandra é poeta e jornalista




Se existe uma família boa em Formiga, é a do presidente do Sindicato Rural, Ivanir Júlio da Silveira (Nêgo do Posto). Empresário de visão, Nêgo é pessoa simples e agradabilíssima. Quem não o conhece profundamente nem imagina a grande dimensão de seus negócios.

O primogênito de Nêgo é o ex-vereador e engenheiro José Carlos Júlio, que pela eterna genteliza honra a família. Ele é daquelas pessoas que se destacam em qualquer lugar. Um verdadeiro líder.

José Carlos, como todo bom formiguense, tem um apelido muito interessante: Baby. A verdade é que se alguém usar o nome José Carlos Júlio, quase ninguém conhece. Já Baby, a cidade inteira sabe quem é.

Um amigo (mui amigo) de Baby enviou uma história muito engraçada para esta coluna. O mui amigo garante que ela é verdadeira, mas disse que José Carlos vai negar até a morte.

Dentre os vários negócios da família, os que mais se destacam são: o Posto Ouro Negro, a loja de conveniência BR Mania e a fazenda onde são criados peixes, capivaras e emas.

Certa vez, o Posto Ouro Negro contratou um novo frentista. Ele era um rapaz muito jovem que veio da roça e, cheio de dedos (de cuidados), procurava ser o mais educado possível.

Era uma manhã de sábado, e José Carlos foi chamado a ajudar na BR Mania porque o movimento estava grande. A loja estava cheia quando o frentista chega à porta e dá um grito:

__Ô Seu Baby, o seu Negro tá chamando!

__Que meu negro o quê, rapaz...! é Nêgo, meu pai.

Os clientes ficaram olhando de rabo de olho, ninguém disse nada.

José Carlos vai ao posto, resolve o que tinha pra resolver com seu pai e volta para a BR Mania. Passa pouco tempo e volta o rapaz.

__Ô Seu Baby, tem um rapaz com peruzão grandão lá de fora dizendo que é pro senhor.

__Cê tá doido...?

__Tô não. O rapaz disse que vai colocar o peruzão pra fora e que é só o senhor quem pode pegar...

Na loja, foi uma gargalhada geral. O que aconteceu foi que havia chegado de São Paulo uma grande ema reprodutora que deveria ser levada para a fazenda. O motorista que trouxe a carga tinha de entregar a mercadoria para seguir viagem.