Crônica: Pelo azul dos meus olhos verdes

AC de Paula (de Formiga)

Crônica: Pelo azul dos meus olhos verdes
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Pelo azul dos meus olhos verdes, já caindo de maduros, pelo preço de um segredo, e as incertezas do futuro.

 

Pelo fogo do desejo, e a verdade nua e crua, pelo sabor de um beijo, e a ansiedade obscura.

 

Pelo que disse e não disse, e o olho que engorda o boi, pelo convite que veio, e o convidado que não foi.

 

Pela conversa fiada e o discurso que mudou, antes, quebro e arrebento, agora, é paz e amor.

 

Pelo dedo no gatilho, e ninguém me tira daqui, pelo discurso vazio, que se escuta por aí. 

Pelo brilho da Michele e a frustração do Eduardo, pelo desprezo do mito a quem não foi convidado.

Pela saudade do tempo do gado no cercadinho, que mugia encantado, esbanjando seu carinho.

 

Pelo apoio irrestrito ao patriota laranja, é só pagar para ver a galinha virar canja. 

 

Pelo gol de bola parada, e o balança, mas não cai, a paixão que vem e passa, as crateras na calçada, e o amor que se esvai. 

 

Pela cara deslavada, e o gado à reboque, pela guerra declarada nos posts do tik tok.

Quem ostentava arrogância e tapava o sol com a peneira não esconde o grande medo de usar tornozeleira.

 

Devia ficar contente mas o medo lhe corrói, por aqui presidiário vira injustiçado e herói, o capitão mico não embarcou e vai lamentar a vida inteira, não poder ver o seu chefe e nem jurar sua bandeira.