Crônica: Sabonete Irba

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: Sabonete Irba
Manoel Gandra é poeta e jornalista




Durante seu mandato como prefeito, Ninico Resende foi até Belém do Pará para receber uma “importante” comenda, que o colocava como político de expressão nacional.

Acompanhando o chefe do Executivo, estava o responsável pelo Empi (Escritório Municipal de Planejamento Integrado), atual Secretaria de Obras, Amri Lopes Ferreira Diniz.

Depois de terem se alojado em um confortável hotel, os dois formiguenses saíram para passear e conhecer a cidade. Em uma movimentada esquina se depararam com um camelô que, com argumentos enfáticos, vendia sabonetes perfumados importados da França. No momento, eles deram um jeito de adquirir algumas unidades, que eram uma “pechincha”.

Ao retornarem ao hotel, se banharam e, pela boa qualidade do sabonete, tiveram uma idéia: comprar mais para vender em Formiga para os funcionários da Prefeitura. Seria um ótimo negócio.

Compraram três caixas cada um. O sol queimava e por várias ruas os dois levaram a mercadoria na cabeça. As caixas eram pesadas e sem alça. O calor era escaldante, o suor pingava. De vez em quando, paravam para descansar, mas valia a pena, pois seria um ótimo negócio.

Durante a viajem de volta, Ninico e Amri começaram a listar os nomes de possíveis compradores. O total de sabonetes não chegava a 90 e a lista já passava dos 120. Eduardo Brás, vice-prefeito na época, figurava como possível comprador de seis unidades.

Ao chegaram à cidade, foram desembalar a mercadoria para dividi-la. Foi aí a grande surpresa. Os sabonetes eram da marca “Irba” e fabricados pelo químico Antônio Barbosa na Rua Doutor Teixeira Soares, em Formiga, rua onde Ninico morou toda vida e Amri teve de passar todos os dias para ir à sua fazenda.

__Foi impossível vender a mercadoria, já que, na cidade, custava cinco vezes mais barato do que em Belém do Pará, se divertia o ex-prefeito.