Crônica: Telefone comunitário

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: Telefone comunitário
Manoel Gandra é poeta e jornalista




O sucesso do Grupo Irmãos Carvalho, da Casa Cruzeiro, não é por acaso. Além da dedicação e da persistência de cada um dos membros de tão conceituada família, há competência, inteligência e profissionalismo por trás de cada negócio. Com a segunda geração assumindo os trabalhos, parece que a coisa melhorou ainda mais, e o grupo, de tão grande, teve de se separar.

Quem vê hoje o império do grupo nem imagina o quanto o início foi difícil. Lá pelos anos 60, os irmãos Juarez, Zigão e Jucão moravam em casas emparelhadas em uma rua próxima ao centro da cidade. Quando a Caixa Econômica Federal começou a fazer financiamentos para construção de residências, a Casa Cruzeiro Materiais de Construção, a primeira empresa do grupo, deu seu grande salto para o crescimento. Com as economias de um mês, conseguiram comprar um telefone residencial. Mas só um. Aí veio o problema: em qual casa ele ficaria?

Tiveram uma brilhante idéia: colocaram o telefone na casa do Zigão, que era a do meio, esticaram um fio de uns dez metros e, quando alguém precisava falar, passavam o aparelho por cima do muro.

__Ô Juarez, é procê!, gritava Zigão.

Juarez subia em um engradado de cerveja que ficava no jeito e atendia. Jucão precisava falar e reclamava.

__Anda, Zigão, traz o aparelho que eu tenho de fazer uma ligação...

Quando chovia então... o pau quebrava.