Crônica: Zé da Praça

Manoel Gandra (de Formiga/MG)

Crônica: Zé da Praça
Manoel Gandra é poeta e jornalista




Prática e teoria são linhas paralelas que, às vezes, não se encontram nem no infinito, nem em lugar nenhum. Há casos que comprovam.

Há em Formiga um profissional do esporte que deve ser citado toda vez que se falar em dedicação e competência. Ele é o José Joaquim, o técnico de natação do Formiga Tênis Clube, que ficou famoso na cidade como o Zé da Praça.

Muito dedicado, ele começou trabalhando na limpeza do clube, passou para a secretaria e, em pouco tempo, já era referência quando o assunto era natação.

Começou treinando a criançada. Observava os técnicos mais antigos e repassava os ensinamentos. Amigo e boa praça, virou ídolo. Muita gente conhecida aprendeu a nadar com ele.

O tempo foi passando e Zé da Praça foi ganhando conhecimento e enriquecendo a carreira. Fez cursos, se modernizou, e os resultados foram sendo notados. Sua fama foi aumentando.

No final dos anos 70, veio para competir em Formiga a equipe “A” do Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte. A turma era das melhores do Brasil (os atletas da famosa família Matiolli vieram em peso). Era um sábado à tarde, e o FTC estava lotado.

Começa a competição e, para surpresa do pessoal de Belo Horizonte, várias provas tiveram formiguenses como vencedores. Foi uma festa. A eficiência de Zé Joaquim estava comprovada. No final, carregaram o técnico nas costas, deram abraços e, em um momento de euforia, o jogaram na piscina.

Foi um corre-corre. Zé da Praça subia e descia, foi ficando roxo, começou a gritaria. Tiraram o pobre coitado da piscina, respiração boca a boca, massagem no peito... e ele foi melhorando... Foi aí que descobriram que o excelente técnico de natação não sabia nadar.

Zé da Praça continuou sua atividade profissional por anos,mas nunca mais deu sopa em beirada de piscina.