Cronicando: Acendedor de lampião
Robledo Carlos (de Divinópolis)

O velho acendedor de lampião
De poste em poste, servidão e luz
tempos de outrora de hoje mais não
homem de cartola a moça conduz
Clareando as damas em charretes
E ao ver olhos enamorados
Que possam arremessar em bilhetes
Ou lindo bouquet apaixonado
Bucólica rua agora seduz
Poetas bêbados outras comuns
Tirando do breu a prostituta
De mostra com piteira fajuta
escondendo nos peitos navalhas
noites de amores e batalhas
Rasgo profundo velha cicatriz
Muitas mulheres, também meretriz
Em essências da dama da noite
um a um dando vida ao lampião
Cortando o silêncio, haste na mão
Trazendo vida pra noite adentro
O seresteiro canta a janela
Para entregar a linda donzela
Flor roubada da vizinha dela
Um vermelha e outra amarela
A noite clareia incandescente
Prata lua bêbado contente
Malandro de sapato bicolor
Jogando cartas tomando licor
Acordam cedo galos de quintais
Em sonos profundos de madrigais
Descansa agora o velho acendedor
Quando ao nascer do sol todo esplendor