Cronicando: Ao apagar do sol
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Tardava em noite de lua minguante e vênus alinhado.
Um ar condicionado e pouca luz, tênue que nem me ofusca.
Tudo é claro em noite de reencontros, de silêncios e suspiros.
Durante a noite mal dormida, me pede que apague a luz, mas a luz apagada já estava, e como a uma criança explico que o sol já despontava no horizonte, ele então pede-me que apague o sol.
Eu tentei.
Tempos em divergências de vidas, as mesmas vidas, mas em tempos diferentes.
Eu estou sentado diante da janela, onde vejo a lua, entre mim e a lua tem meu pai de 93 anos deitado em uma cama de hospital.
Estou no escuro, só a lua é presente do que sinto.
Ela conheceu outros meus…
Meu pai pronuncia:
- Papai… mamãe…
Eu me entrego a Deus pela graça, eu choro pelo que presenciei.
Era um velho de 93 anos, dois avós que já se foram (mas estavam ali) e eu.
O mais velho era eu e meu pai, um bebê.