Cronicando: Carcaça
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Eu me interno em meu terno
guardo tudo em ataúde
Casulo em lânguida de breu
Guardo minha boca em flandres
Assombro em abas de lebre
Apascento em fetal medo
Eu perco olhares côncavos
Escondo por detrás de véu
Tampo os olhos entre dedos
Fecho de luz do quarto meu
Eu canto atrás das pálpebras
cubro a luz do sol com minhas mãos
Eu tampo o sol com a peneira
Eu guardo flores em livros
Guardo tristeza em pandora
Recolho sobre sapatos
guardo amigos no peito
Eu passo em becos estreitos
tenho amores no coração
Eu sou caixa de surpresas
Mas para que tanto, pra que?
Apenas um caixão me dê
Em flores de campo o bouquet
Ou num balanço no banguê