Crônicando: Corpo de mulher
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Seu corpo dava sinais em luz.
Havia luz por toda parte.
Os cabelos desciam juntos para o ombro em forma de ondas, contínuas e alinhadas.
Os olhos negros expressavam a verdade de febril ardor, emoldurado de rugas de juventude ida.
Seus lábios carnudos emolduravam seu sorriso doce de mulher.
Havia tatuagens de histórias, lembranças e conquistas espalhadas pela pele jambo, em demonstração de vitórias.
Seu cheiro era incomum, cheirava a delicada fragrância de florais por todo corpo, em frescor de cachoeiras.
Seus seios destoavam da cor de sua pele, eram mais alvos, delicados e lindos para o seu tempo, fonte de amor e dedicação.
Qualquer postura, ofuscaria a visão de um artista, tamanha beleza e formosura.
Ah... o tempo. O tempo revela no corpo que envelhece, o tempo nem foi o algoz, o tempo ainda permite aos próprios olhos a beleza que esvai de dentro pra fora, e de quem o vê delira em êxtase carnal atemporal.
Havia um belo corpo, ali estendido aos olhos de quem o amou.
No tempo que passou e em tempos por vir, ainda arde.