Cronicando: Descortinar

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Descortinar
Robledo Carlos é representante comercial




A pisadura em continuismo de céus cinzados e frios.

Uma brisa fria e um ar insosso passa por mim, assim como um meliante de navalha na mão.

Os pássaros cantam ao longe em melodias de pardais desafinados e estridentes.

Há tempos a lua nem vem, se vem, nem me vê, esconde, míngua em quarto crescente e cheia de mim.

Meu encorajamento é preto em corvos a seguir-me em voos curtos, dão distanciamento para que não os veja, mas eu os ouço.

Sinistro em sons.

Quero romper a janela, exige-me forças e esperança.

Persevero incrédulo.

Afugentar de pedras e gritos evasivo em pontarias míope de ira.

O intento consigo a pedradas que destroem os vidros opacos e sujos.

Tez pálida e lábios mordidos em pontaria.

Violento e estraçalhado barulho, assustando os corvos e meu coração.

Entra a brisa, eu salivo em gosto feliz, descortina meu céu cinzento, e, adentro à janela, eu corro e vou ao seu encontro.

Descortinando, descortinado.

Foi o melhor da estrada quebrar o vidro e deixar você entrar.

Hoje a lua veio me ver.