Cronicando: É assim!
AC de Paula (de São Paulo)

Às vezes, todo mundo é muita gente, o pra sempre um dia tem fim, e a eternidade tem prazo de validade, e não importa o que façamos ou deixemos de fazer, a gente não faz o nosso destino, apenas fazemos o possível, o que nos é permitido. Sempre há algo mais forte, mais poderoso, mais importante do que nossos sonhos e nossas próprias razões. Filosofia de almanaque dirão talvez aqueles que sabem que almanaque é um tipo de rede social de antigamente, um folheto ou livro que traz diversas indicações de utilidade pública, além de poesias, curiosidades, calendário do ano, fases da lua, e efemérides. Seria digamos o avô do hoje tão conhecido blog, que difundia valores sociais, históricos e culturais. Mas há muitos mais mistérios entre o mel e a maionese do que possa imaginar a nossa pseuda filosofia.
Não sei dizer se assim falou Zaratustra vulgo Zoroastro, na verdade nem mesmo sei dizer se o tal profeta persa disse ou escreveu alguma coisa a este respeito, sei porém, que ele dizia que (“é preciso usar trovões e fogos de artifícios celestes para falar com sentidos frouxos e dormentes...”). Mas o que importa é que todo ser humano, mais do que encontrar a tão desejada fonte da juventude, procura encontrar a tal da felicidade, seja lá o que ela signifique para cada um.
Onde a flecha acerta o alvo lá está o meu coração, eu trago um beijo guardado, nas notas de uma canção, nessa vida de incertezas as ilusões não me comovem, milagres da natureza, eu não vou mais morrer jovem! Não quero, da mina, o mapa, e nem quero morrer de estresse, não quero a Rosa dos Ventos, sou meu próprio GPS, sina, destino, ou façanha, vou em frente, sigo a trilha, tenho a vontade tamanha de me encontrar na poesia! Eu não dou a cara à tapa, não é da minha natureza, dos mansos, não trago a marca e nem dos anjos a pureza, nas águas do cais do porto, no gume de um canto torto escondo a minha tristeza! Nessa vida atribulada que vai de mal à pior, é preciso estar alerta aos avisos do poeta, se não gostar me conteste, não precisa hora marcada, minha canção é agreste, é preciso ouvir Belchior!
Eu sigo fazendo versos assim, como quem vai à feira buscar restos de esperança na barraca das ilusões, eu faço versos assim como quem se faz de louco pra segurar tanta barra, pra esquecer que ganha pouco e que pra se iludir se agarra às garras da imaginação! E o tempo vai passando eu aqui observando o que rola pelo mundo, vasto mundo desigual no contexto atual é melhor respirar fundo! Sou operário da arte que remendo as emoções e faço versos assim, como alguém que ama sem algemas e sem regras, sem limite e sem alarde em cujo peito pulsa, bate o sonho de um eterno aprendiz.
Colecionador de paixões ardentes e inconsequentes que comete desatinos, afinal ninguém é de ferro, às vezes faço o que não devo, e não me venham dizer que ”dessa água eu não bebo”, e agora aqui eu confesso que há paixões que nos levam à loucura, ou quase, e foi por ela que eu perdi o meu sossego, comi churrasquinho grego e tapioca de manjuba, pisei na grama e chutei a placa, dei soco em ponta de faca, armei um Deus nos acuda, girei, louvei, dei graças, aleluia, tomei cachaça na cuia do caboclo boiadeiro, por ela por incrível que pareça, saravá bati cabeça firmei ponto no terreiro. Por ela fui ateu, beato e santo, eu fumei e bebi tanto e achava o maior barato, desrespeitei até autoridade, eu desandei de verdade fui preso por desacato, por ela eu segurava qualquer tranco, dancei tango de tamanco, terno branco e espora, mas na vida não é a gente quem manda, é assim a fila anda, e um dia ela foi embora!