Cronicando: É assim
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Escondo-me sob a sombra de sol escaldante
sentado em visão deslumbrante fixada ao nada.
Vento quente aquece meu rosto pálido.
Miragem de bote de serpentes.
Dessa vida de minha luta desvairada, onde
ninguém é por mim, de certo, eu sei.
Aqueles que o eram, já se foram, resta-me a sombrear mesmo que em tentativas fúteis, eu e meus tesouros que estão expostos ao sol.
Recupero-me descrente de luta em que quase sempre morro.
Eu tento cobrir sob a figueira, muitos.
Alguns fogem-me entre os dedos, entre distâncias, ilusões e delírio.
Amar é difícil, mas amar assim era mesmo tudo o que eu queria, amor que envelheceu, vinho, baú, escarto, bengala e solidão.
Hábito terrível em busca do alto, do céu, de muitos e do sol.
Alguém me vê?
Eu estou debaixo da figueira.
Recomeçar é preciso, talvez me veja.
Ainda ontem, alguém descansou sob as sobras da figueira e foi visto.
Quisera eu e aos que amo, também sejamos vistos.
Arde o sol, à noite contemplo a lua.
Nem duvido, a figueira me conforta.