Cronicando: Mãe, que se passasse agora…
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Dores suas seriam as minhas, segure minha medalha, sou poderoso, todo menino é um rei.
Haverá melhoras, acredite.
Buscaria sua lavanda, enxaguaria seus cabelos para ouvir a água sob meus pés.
Dos seus dedos, queria-os nos brincos meus a torcer.
Que se passasse agora!
Queria gritar que você é linda, tive boas notas e que lavei o meu tênis.
Nos momentos em que te fiz triste, você continuou a me amar?
Era só mesmo uma dúvida.
Nós vamos viajar de trem olhando pela janela como se fosse em filme, queria te ver a olhar a natureza com olhar simples despretensioso sem medo, que se passasse agora.
Queria te ver de braços cruzados, calada, a observar-me.
Não nos deixe.
Qual é o caminho da volta, sabes?
Agora posso te abraçar, tenho outros braços, não ficarás ao léu, quem sabe talvez um piano, um canto talvez!?
Em qual horizonte você está? Daí dá para ver os seus?
Que se passasse agora, não partirias sem mim.
Estrada sem fim, poeira, correndo atrás de sonhos onde você pertence.
E nem canso! Se canso, é que já vou partir!
Que se passasse agora, mãe.
Disfarças para mim, já não é mais possível, volte!
Que nunca passasse por isso... nunca!
Não deve ser tão complicado assim, volte!
Mãe?
Que se passasse agora, ou talvez nunca!
Que se passasse agora, cinquenta anos se passaram, vire ampulheta.
Recomecemos agora, ainda dá tempo.
Que se passasse agora, me perdoe mamãe, mas a minha memória já não ajuda mais, mas é fácil dizer que eu nunca vou te esquecer.
Que se passasse, agora eu olharia nos seus lindos olhos verdes e te diria: eu te amo minha mãe, eternamente!
Que se passasse agora, em sonhos talvez, e nessa esperança eles nem dormem.