Cronicando: Morro
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Quando chove em lágrimas, escorrem em vielas minhas.
Moro no morro onde morro.
Desço em volúpia a arrastar
o rico e o pobre de certo.
Algumas coisas, o pouco que tinha…
Descem samambaias, troncos e zinco.
Te oferece parte nobre do boi, mas escondido sob o barro,
teu filho de lama coberto.
Em buscas às cegas, tateio seu rosto com afinco.
De tanto zelo e capricho
e de muito amor desprendido,
de nada teria valido,
mesmo com a porta fechada.
Pendurada, uma imagem de santo desce pela encosta abaixo,
a velha porta e o trinco.