Cronicando: Mundano

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Mundano
Robledo Carlos é membro da Academia Formiguense de Letras




E era quase um dia comum. O sol viera como sempre, esplendorosamente belo. A névoa fúcsia do entardecer,

cora cor de laranja a montanha, o deserto frio do amanhecer, a floresta que dorme do outro lado do mundo, tudo se repetia em igual harmonia de tempos.

O Coliseu deteriorando aos poucos, as pirâmides também.

Poucos índios, sem helênios, nem incas, os astecas se foram, ficaram somente humanos sem títulos.

O céu era o de sempre, mas eu, somente eu era demente.

Seguia em círculo, igual moinho, movido a água que não compreende o motivo da clausura.

Mas hoje, a abelha em respeito à flor parecendo sentir dor, não quis beijá-la. A flor compreendeu e sorriu.

O mais belo movimento do pássaro que nem quis a semente, esperando em respeito o brotar da nova flor.

A borboleta nem quis, ficou com medo de despetalar a rosa.

Com medo do desafino, o violeiro nem tocou na viola.

Mas o riacho desce, desce... há um curso a seguir... 

Vai o outono, cinza e seco como nos tempos de avós crianças, a primavera os faz catar as flores.

Eu tenho falsas ideais da lucidez, meus amigos não.

O leão ficou amigo do búfalo, são agora inseparáveis, mas penso que talvez nem perdure tamanho respeito.

Ah...a selva, a selva sim, segue selva.