Cronicando: Oh, Clotilda!
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Passo devagar às margens do rio Mobile
Nessas águas turvas repousa Clotilda
Talvez no limbo à espera de luz
Abro a janela e dou um grito ao vento
Minha voz ecoa e que a verdade floresça em lotus
Oh, Clotilda! Pinheiro enxarcado de sangue
Navegas agora suavemente em meu coração
Consigo ouvir suas velas a içar por justiça
Ouço cantos tristes de lamentos em porões
O fogo consumou em segredos
Oh, Clotilda! Sei que ainda repousas
Mas teus filhos ainda estão a procurar por ti
Alabama, agora tem Africatown
Todos estão no cais à sua espera em festa
Somos bem mais de cento e dez dos seus
O tempo será nosso juiz e a vergonha não terá
Sigo com a janela aberta cantando em dor
Oh, Clotilda! Os seus jamais o esquecerá.
Mesmo depois de abolida, ousaram trazer mais de cem
Em negreiro fétido e imundo
Eu os vejo em Old Plateau
Oh, Clotilda! Descanse para sempre no Mobile do Alabama.