Cronicando: Praça Ferreira Pires e nós três!
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Gosto muito é dessa hora, 16 horas, domingo, me ajeitar, uma glostora nos cabelos, uma boa água de cheiro!
Quero ver as donzelas, com cabelos Chanel, gosto de vê-las passar diante de mim, gosto de deseja-las, uma querência boa, meio que santa, outrora inteira pervertida!
Tomamos uns gins, uns rabo-de-galo e um Cinzano!
Ah.... nem tão raros são nossos devaneios, confesso-vos que não são tão poucos, Aturdido, Acalorado, Boêmio e sós, só nós três.
Ouvindo a mesma música, um samba ou um choro com solo de clarineta (de preferência), nosso silêncio é o que mais grita!
Nem sei a qual eu pertenço ou a que tempo vivi, é o tempo do coreto, da pracinha, das calças justas e do chapéu de palha, andando como um nobre de bengala na mão e cheiro de dama da noite!
Rádio valvulado, luz fraca e saudade desmedida de tudo!
Um compasso de um violão, dedilhados de um bandolim e o pandeiro correndo atrás! Agora rodopia a minha cabeça e o coreto gira para mim!
Elas passam de braços dados a enamorar, graciosas e lindas... e nós três a escolher.
Quando agrada a um, o outro não agrada, quando o outro agrada o outro não agrada, assim vamos levando!
Eu sigo a viver nisso com meus cheiros, minhas damas e o meu tempo!
Na hora do regresso, levanto do banco da praça, agora elas estão sós, deixo-vos Aturdido e Acalorado, Boêmio que sou, vou só!
Deixo o coreto, mais vivo do que nunca!