Cronicando: Tardio 2025

Robledo Carlos (de Divinópolis)

Cronicando: Tardio 2025
Robledo Carlos é membro da Academia Formiguense de Letras




Tudo me é tardio até o sol nascer.

Fogos ainda não.

Desembolo o embaraço de meu traço diante do espelho.

Já nem fito mais a mim.

Gosto de ver os joelhos ralados de meu filho caçula.

Vem me dizer a fórmula da hipotenusa,

a soma dos quadrados dos catetos.

Já sou velho, ouço Pink Floyd e ele me diz que o relógio de Time, era um contra baixo.

Sessenta anos e não sabia.

Sei nada, porca miséria!

Volto para o espelho, escutando Serafim e seus sete filhos.

Lembro de quem eu amei e hoje partiu, é que ele queria ver de perto, quem de muito longe é quem vinha.

Meu cachorro está mortalmente debilitado, eu morto e triste.

A borboleta que havia partiu, deixou o casulo vago onde eu quis morar.

O ano encerra, eu fiz a barba, nunca havia ficado de barba, era preciso que eu voltasse.

Fiz a barba, lavei-me.

Desapontado.

Eu voltei e ninguém me viu.

Feliz 2025!