Cronicando: Velha caneca
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Velha caneca esmaltada de café
Tão branca pendurada ficava
Sem glamour, muito descascada até
É nela que eu dava boas goladas
Em rito silencioso e quase santo
Um café, um leite quente ou um pingado
Ver fumaça que sobe de encanto
do cheiro bom que sobe pra todo canto
Na simplicidade plena do momento
Guardar-te-ei com carinho,
mas sem lamento
e nem tampouco pranto
Em prateleira humilde, jamais no esquecimeto
Ouvindo boa prosa,
ai que saudade
soprando para seu esfriamento
Bebendo bem devagarinho
Dessas coisas da vida, melhor não há
Para deleite do cafezinho com broa de fubá
Ou até mesmo um leite com um conhaquinho
Parece que ainda os ouço
Entre risadas de todos, ainda moços
Com atenção senão queimava os beiços
Girando em caracóis ou molhando um biscoitinho
Eu trago pra mim, do sons que emitias ao enchê-lo
e até do barulho da cristaleira que guardava em zelo.
Velho o canequinho ainda me traz
esse tempo de sabores e momentos tão singelos.