Cronicando: VENDO-ME
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Sou homem das montanhas
do cerrado e da campina
da viola e da sanfona
desse mundo, minha sina
Vejo o mundo diferente
colorido de alegria
da tristeza sou ciente
de momentos minoria
Se puder eu trabalho
com cuidado e esforço
se cansar faço poemas
das mazelas que distorço
A coragem sempre tive
mas o mar me apavora
ao ouvi-lo numa concha
meu coração enamora
No meu peito tem criança
que brinca e faz a festa
sem juízo e custoso
isso é tudo o que resta
E agora vendo-me
olho, pedacinhos vejo
e bem valorizado
sou mosaico de azulejo
Expostamente, vendo-me
desapego e clareza
o casco que habito
me vendo em fortaleza.
Robledo Carlos é membro da Academia Formiguense de Letras