Diabetes em cães e gatos

Dra. Luciene Barbosa (de Formiga/MG)

Diabetes em cães e gatos
Luciene Barbosa é Nutróloga Pet




É super importante falar sobre diabetes mellitus em cães e gatos. Não só porque é uma séria doença crônica. Mas porque o tutor é peça central tanto na prevenção como no controle do diabetes no dia-a-dia. É urgente entendermos como estamos contribuindo com o desenvolvimento desse quadro nos nossos pets. Mas antes precisamos entender um pouco sobre a doença.

O diabetes mellitus ocorre quando o corpo não consegue utilizar adequadamente o principal combustível celular: a glicose (um tipo de açúcar). Quem controla os níveis de glicose no sangue é a insulina, hormônio produzido no pâncreas. Quando o pâncreas do animal não produz insulina suficiente ou quando as células passam a resistir ao efeito da insulina, falta glicose dentro das células e sobra glicose no sangue – a famosa hiperglicemia. Essa situação gera uma cascata de problemas.

O acúmulo de acúcar no sangue chega a um ponto que transborda na urina, atraindo consigo muita água. É por isso que o pet diabético faz tanto xixi e, para não desidratar, bebe tanta água. Enquanto isso, as células do pet, privadas de glicose, estão literalmente passando fome. Na tentativa de fazer algum combustível chegar nas células, o corpo mobiliza as próprias reservas de músculo e gordura e ativa no máximo o apetite do animal. E assim temos um cão ou gato que come vorazmente e mesmo assim perde peso.

Sinais clínicos

- Beber muita água e, consequentemente, urinar muito mais

- Perda de peso, mesmo comendo muito

- Olhos nebulosos (principalmente em cães)

- Infecções urinárias (cistites) de repetição

- Doença renal (principalmente em gatos)

- Cansaço e fraqueza

Ao notar quaisquer desses sinais clínicos, consulte a veterinária. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor será o prognóstico.

 

Manejo do diabetes

O objetivo é manter concentrações aceitáveis de açúcar no sangue, controlar os sinais clínicos do diabetes e prevenir complicações como catarata e cistite. Com a orientação do veterinário, o tutor aprende a administrar diariamente a insulina, servir uma dieta adequada nos horários combinados, monitorar a glicemia, atentar para sinais de hiper e hipoglicemia e se compromete a passar feedbacks constantes e a realizar os exames periódicos de controle.

Dieta

A meu ver, pets diabéticos devem, quando possível, receber uma dieta rica em proteína, moderada em gordura e baixa em carboidratos. Também já formulei para cães sem histórico de pancreatite dietas com níveis similares de gordura e proteína, mantendo o carboidrato baixo, com bons resultados. É importante contar com um veterinário atuante em nutrição clínica, porque idade, sinais clínicos, tratamento, escore corporal e comorbidades influenciam a escolha da dieta.

Para lembrar

Dá trabalho, mas com diagnóstico precoce, monitoramento e manejo, pets diabéticos podem viver bem por bastante tempo. Felizmente, essa é uma doença que pode ser amplamente evitada através de uma rotina com dieta regrada, controle do peso, atividade física regular. Quer outro motivo para se importar? Um estudo de 2020 sugere que tutores de pets diabéticos têm 38% mais chance de também desenvolverem a doença.

Fonte: site Cachorro Verde

Dra. Lu Barbosa

Nutróloga Pet

CRMV8267

Formiga-MG