Escritor formiguense lança novo livro no RJ
Silviano Santigo recebeu amigos em livraria e apresentou ‘O grande relógio – A que horas o mundo recomeça’

Um dos mais importantes escritores contemporâneos do Brasil, o célebre formiguense Silviano Santiago, lançou nesta segunda-feira, dia 30 de setembro, o seu mais novo livro “O grande relógio – A que horas o mundo recomeça”. E foi na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro, que ele recebeu amigos para apresentar a sua obra, que é a primeira de uma tríade de ensaios produzida pela Editora Nós.
O portal “lulacerda.ig” descreveu um pouco o que foi a noite de lançamento. Segundo a publicação, foi um vaivém na Travessa de Ipanema, com fila de mais de duas horas, mas sem o cansaço de qualquer outro tipo de fila, considerando o nível das conversas. “Na livraria, havia amigos de todo perfil e área de atuação com um traço comum: amor pelo autor, sempre vibrante, na ficção e na realidade, com senso de humor, em conversa particular ou de salão; e pela literatura. Silviano levantava-se para receber cada uma das pessoas. Algumas delas quase botavam a vida em dia, digamos assim, falando desde o tempo que Silviano foi doutor pela Sorbonne, de críticas literárias, de quando ele foi professor universitário na Europa, nos EUA”, destaca o portal.
Sobre o seu atual momento como escritor e a nova obra, Silviano Santiago disse ao “lulacerda.ig” que em sua longa carreira um novo livro não representa um passo seguinte, representa antes um recuo estratégico. “Quero conhecer melhor o contexto socioeconômico e literário que me permitiu, no passado, dar alguns e muitos passos a mais ao publicar novos livros. Agora, eu me coloco na pele de dois grandes romancistas cujas obras demonstravam a obsessão pela busca do tempo perdido. Buscamos a felicidade, mesclada com a paixão de viver e o temor da morte iminente. O lançamento de ‘O Grande Relógio’ é isto: redescobrir-se nos outros que descobriram melhor o que nós todos experimentamos depois da longa vida, isto é, na velhice. Quando o meu mundo fecha as portas, ele também as reabre para as novas gerações de escritores. Termino e entrego a chave da literatura para um outro que eu fui há muitos anos, e não sou mais”, afirmou.
Conforme publicou a editora Nós, neste novo livro, Silviano Santiago decidiu “expor ousadias e riscos, manobras e estratégias que surpreendem a solidez de obras canônicas da literatura dita universal por viés nevrálgico”. “O pensador e o crítico estão presentes e passam a perna no romancista. Em cadernetas, os dois elaboram e desenvolvem anotações sob a forma de folhetins que deixam à mostra o longo processo de criação do romance brasileiro. O grande relógio nietzschiano diz que a cultura brasileira, e nela a literatura, recomeça hoje. A Editora Nós entrega ao leitor o primeiro dos três ‘cadernos em andamento’ em que um dos nossos mais importantes autores contemporâneos repensa, e suplementa, a maturidade alcançada nos trópicos pela literatura brasileira”, completa.
Silviano Santiago é condecorado com o Prêmio Camões
No dia 14 de novembro do ano passado, o escritor formiguense Silviano Santiago foi condecorado com a mais importante honraria da literatura portuguesa: o Prêmio Camões de Literatura 2022. A solenidade de entrega da honraria ocorreu no Auditório Machado de Assis, na sede da Biblioteca Nacional (órgão vinculado ao Ministério da Cultura), no Rio de Janeiro.
Para conceder a honraria ao formiguense, o júri do Prêmio Camões 2022 fez a seguinte justificativa: “Silviano Santiago, além de escritor com uma obra literária com vários prêmios nacionais e internacionais (Jabuti, Oceanos, etc.), é um pensador capaz de uma intervenção cívica e cultural de grande relevância, com um contributo notável para a projeção da língua portuguesa como língua do pensamento crítico, no Brasil e fora dele (nos países ibero-americanos, nos Estados Unidos e na Europa)”.
Silviano Santiago
Nascido em Formiga no dia 29 de setembro de 1936, Silviano Santiago é ensaísta, poeta, contistas, romancista e professor. Considerado um dos maiores escritores brasileiros da atualidade, é autor de cerca de 30 obras – entre as quais, os livros “Em liberdade” (1981), “Uma história de família” (1993) e “Keith Jarret no Blue Note” (1996). Sua produção já foi traduzida para o inglês, espanhol, italiano e francês. Entre as premiações já recebidas pelo autor, constam: Prêmio Jabuti (1982, 1993 e 2017); Prêmio ABL de Ficção, Romance, Teatro e Conto (2009); Prêmio Machado de Assis (2013); Prêmio Iberoamericano de Letras José Donoso (2014) e Prêmio Oceanos (2015).
Prêmio Camões
O Prêmio Camões de Literatura foi instituído em 1988 com o objetivo de consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural de nossa língua comum. A Menção Internacional foi criada pelo Protocolo Adicional ao Acordo Cultural entre os governos português e brasileiro, representados, respectivamente, pela Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas/Secretaria de Estado da Cultura (Portugal), e pela Fundação Biblioteca Nacional/Ministério da Cultura (Brasil).
Considerado o mais importante prêmio da língua portuguesa, o Camões contempla anualmente autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste. A comissão julgadora é composta por representantes do Brasil, de Portugal e de países africanos de língua oficial portuguesa.
O autor premiado, além de ter o conjunto de sua obra reconhecida, recebe uma láurea no valor de 100 000€. Metade deste valor é subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional.