Ex-freira diz que convento censurou livros do Padre Fábio de Melo
Bruna Miranda foi religiosa durante nove anos e falou que livro de formiguense abriu sua mente

Em tempos de discussões nacionais e até internacionais sobre liberdade de expressão, de acesso a informações e opiniões, a revelação de que um convento de freiras em São Paulo teria proibido a leitura dos livros do padre formiguense Fábio de Melo tem chamado a atenção.
Quem contou a história em detalhes foi a ex-feira Bruna Miranda, que tem sido convidada a participar de importantes e prestigiados podcasts pelo youtube. Em seus depoimentos, a ex-freira conta como é a vida de uma freira em sua congregação e relata o sofrimento que viveu durante o tempo em que morou em um convento no Bairro Brooklin Velho, na Zona Sul de São Paulo. Sua entrevista ao professor e doutor em neurociência Daniel Gontijo (https://www.youtube.com/watch?v=uXpRHHSQFOU) ultrapassa a 1 milhão e 500 mil visualizações, porém, para Formiga, o que interessa é o “ACHISMOS PODCAST” (https://www.youtube.com/watch?v=cHTIAgSavJk) de Maurício Meireles, que beirou a 100 mil visualizações em menos de 24 horas na semana passada.
Bruna relata que entrou para o convento como aspirante com 18 anos, influenciada pela referência que tinha da Madre Tereza de Calcutá. Depois de um retiro durante o Carnaval, teve acesso a folderes de freiras trabalhando em favelas, o que a levou a fazer encontros vocacionais.
Ao entrar para a ordem, Bruna disse que não tinha liberdade de falar com sua família e de expressar seus sentimentos e que, como teve de fazer voto de pobreza, comia pão dormido que ganhava de uma padaria, leite da Prefeitura, carcaça de frango e verduras enviadas de hortifruti, mas tinham de cortar as partes estragadas. “A gente fazia biscoitinhos e pãezinhos e batia de porta em porta para arrecadar dinheiro para a congregação, mas quando tinha crianças de rua que me pediam biscoitos de rua eu não podia dar, aí foi o meu primeiro questionamento”, argumentou.
Bruna revelou que foi o fundamentalismo que a fez deixar o hábito. “A gente não pode usar o nome de Deus e da fé para promover político. O estado é laico e tem de ser, religião é uma coisa pessoal, cada um pode ter a sua. Quando eu vi que estavam fazendo até jejum e oração para influenciar a ignorância das pessoas para promover ideologia política e intolerância, eu resolvi falar”.
Em quase duas horas de depoimento a Meirelles, Bruna faz revelações chocantes e, depois de 45 minutos, ela contou que livros eram proibidos, inclusive os de autoajuda e o “Código de direito canônico”, que trata das leis da Igreja, direitos e deveres. “Nós [as freiras] não podíamos ler para não saber dos nossos direitos”.
“Padre Fábio de Melo foi proibido, os livros dele falam muito sobre isso [o que ela estava vivendo no convento], tem um livro dele que se chama ‘Quem me roubou de mim’, que é muito bom, que fala do sequestro da subjetividade, quando eu li aquele livro eu falei: ‘É isto que está acontecendo comigo aqui’, eu abri a mente e tiraram [o livro] da minha mão”. “Se a gente questionava, a gente estava com satanás”.
A ex-freira Bruna Miranda, nas entrevistas às quais a reportagem teve acesso não são citados o nome do convento nem da congregação à qual pertenceu.
PADRE FÁBIO
Nascido em abril de 1971, o padre formiguense Fábio de Melo é, além de sacerdote, cantor, escritor e compositor. Pertenceu à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, mas depois passou à Diocese de Taubaté, no interior do estado de São Paulo. Ao todo, ele já vendeu mais de 3 milhões de cópias de CDs e mais de 3,5 milhões de livros, sendo autor de obras como: Tempo: saudades e esquecimentos; Amigo: somos muitos, mesmo sendo dois; Quem Me Roubou de Mim?; Mulheres de aço e de flores; Quando o sofrimento bate à sua porta; Mulheres Cheias de Graça; Tempo de Esperas; É Sagrado Viver; Quantos eus que não são meus?; A vida é cruel, Ana Maria, entre vários outros.