Festa do Congado movimenta Rosário
Moradores e visitantes prestigiaram o espetáculo cultural realizado neste final de semana em Formiga

Jorge Zaidam
Neste fim de semana estive prestigiando a Festa do Congado realizada nas proximidades da Igreja do Rosário, no bairro do mesmo nome. Um espetáculo cultural. Os ternos, assim são chamados cada grupo participante, se esmeraram em suas apresentações. Catopés e o Moçambique com as suas cantorias em louvor à Virgem do Rosário, Vilões com as suas varas de madeira enfeitadas com fitas coloridas estalando no ar. Todos com um chapéu ou um adereço colorido na cabeça.
Os tambores marcando a cadência sob as baquetas de entusiasmados congadeiros e congadeiras. Em alguns ternos, os seus integrantes traziam chocalhos presos ao tornozelo, que ajudavam na percussão, tornando a dança mais destacada. O onipresente acordeon produzia as suas notas sob o dedilhar experiente do sanfoneiro.
Cada terno era comandado por um capitão, responsável pela batuta do seu grupo e pelo canto durante os festejos. No domingo, último dia da festa, era evidente a percepção de que todos os capitães estavam roucos, certamente pelos dois dias de intensa atividade das suas cordas vocais.
No palco montado pela Prefeitura Municipal de Formiga, se posicionaram reis e rainhas, com destaque especial para a Princesa Isabel, uma jovem de beleza ímpar, que bem representou aquela que em 13 de maio de 1888 assinou a Lei Áurea, pondo fim a essa barbárie que foi a escravidão de seres humanos por seres humanos, que infelizmente manchou a história do nosso país por cerca de 300 anos.
A animação coube mais uma vez ao entusiasmado Valmir Lopes, o popularíssimo Bita, insubstituível na condução da festa. Sua versatilidade se fez notar por todos, tanto no palanque quanto na pista recepcionando e conduzindo os ternos e os monarcas com os seus séquitos.
O público prestigiou em peso. Nem a chuva que caiu no domingo fez com que as pessoas arredassem o pé de onde ocorria o evento.
Importante foi a percepção extra-sensorial por quem estava próximo aos participantes, quando o som da percussão era aumentado e a dança ficava mais acelerada, havia uma eletrizante sensação de que espíritos estavam presentes. Impossível não ceder ao desejo de cantar e dançar com os congadeiros. Confesso que dancei e cantei junto a eles naqueles momentos de arrebatamento. Percebi que várias pessoas também foram contagiadas pela dança e pela música.
A professora Deolinda Alice dos Santos, que ministrou aulas de Folclore e História da Arte no Unifor-MG, quando tive o privilégio de ter sido seu aluno, explica que essa forte energia emanada durante o som e a dança do congado, trata-se da manifestação de espíritos de escravos que comemoram o estado de liberdade em que se encontram, já que a vida lhes tomou esse direito durante a sua triste existência terrena.
Parabéns à Secretaria Municipal de Cultura pelo apoio a essa manifestação cultural e folclórica tão importante para a nossa cidade. Parabéns a todos os ternos de Formiga e de outros municípios que enriqueceram com as suas presenças a bonita festa do Congado de Nossa Senhora do Rosário.
Jorge Zaidam Viana de Oliveira é membro
da Academia Formiguense de Letras
Registro fotográfico da festa realizada pela Irmandade do Congado do Rosário de Formiga, com o apoio da Prefeitura Municipal