Formiga em paz

Em Formiga não foi diferente de outras cidades brasileiras, onde eleitores do presidente Jair Messias Bolsonaro demonstraram indignação e inconformismo com o resultado das eleições. Houve movimentações, manifestações e ensaio de bloqueio da MG-050, mas acalmando-se as coisas tudo vai voltando ao normal e a compreensão de que o pleito deve ser respeitado, assim como foi em 2018 quando Bolsonaro venceu Fernando Haddad.
É claro que movimentação depois de proclamado resultado é novidade no Oeste Mineiro, mas o país se dividiu, houve denúncias de fraude, não comprovadas, é bom registrar, e um caminhão de fake news que foram desde a legalização do aborto a fechamento de igrejas, desde a implantação do comunismo à legalização das drogas. Teve gente surtada em Formiga que contou quantos quartos vazios tem em casa imaginando que o futuro governo vai mandar abrir as portas para deixar os moradores de rua entrar.
Muita bobagem se viu e se ouviu, mas um detalhe tem de ficar registrado: por estas bandas, tudo aconteceu de maneira ordeira e, pelo que se sabe, não houve agressões físicas. Ainda bem.
Para mostrar como as coisas em Formiga foram mais ordeiras, regista-se, como muita tristeza e revolta, uma notícia do “G1” do Mato Grosso:
“Gabriel, de 9 anos, estava em um ônibus com outros 24 pacientes da Secretaria de Saúde que foi impedido de seguir viagem na rodovia bloqueada. Ele teve o olho esquerdo perfurado por um lápis na escola e já tinha feito outros procedimentos para reconstrução do globo ocular. A viagem era para realizar a nova cirurgia.
O caso repercutiu após um vídeo mostrar o desespero do pai do menino, o autônomo Éder Rodrigues, ao tentar negociar com o grupo de bolsonaristas que bloqueava a rodovia por ser contrário ao resultado da eleição presidencial. O caso aconteceu entre a noite de segunda e madrugada desta terça-feira (22).
No vídeo, Éder conversa com o grupo. Mesmo após ouvirem que bloqueavam a passagem da criança com risco de perder a visão e de outros pacientes, participantes do protesto dizem que vão impedir a passagem.
O pai ainda insiste dizendo que o filho pode perder o olho e um dos homens responde: ‘Eu não tenho problema com o olho do seu filho. Pega um avião e vai. Não vai passar’. ‘Mostrei os documentos da cirurgia, mas não quiseram saber e um deles [manifestantes] puxou um facão. Me exaltei quando expliquei que meu filho poderia perder o globo ocular e um deles falou: Que fique cego’”.
O estado é um dos principais focos das manifestações antidemocráticas do país, que começaram ainda em outubro, depois do resultado das eleições. Porém, de acordo com a PRF, a violência nos atos tem crescido e crimes foram flagrados.