Formiga entra em estado de emergência por causa da dengue
Decreto foi publicado nesta sexta-feira, dia 8, e cria o Grupo Executivo para intensificação do combate ao mosquito transmissor

O cenário da dengue em Formiga está mais preocupante do que nunca. No final da tarde de quinta-feira, dia 8, a Prefeitura Municipal decretou situação de emergência no município em razão da infestação pelo mosquito Aedes aegypti. O decreto 10.313, assinado pela prefeita em exercício, Adriana Prado, foi publicado nesta sexta, dia 8, no Diário Oficial dos Municípios Mineiros (DOMM) e surtirá efeito por 180 dias. Com a publicação dele, fica criado o Grupo Executivo para intensificação do combate ao mosquito transmissor, o qual desenvolverá e implantará “Plano de Contingência para o enfrentamento da anormalidade instalada”.
Segundo o decreto, a situação de emergência em saúde é medida necessária para a adoção de ações preconizadas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, para a eliminação dos vetores transmissores do vírus da dengue, zika, chikungunya e para o controle das doenças por eles causadas.
Conforme divulgou a Prefeitura, a medida leva em consideração o resultado do último LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti), feito em janeiro, e os números de casos suspeitos (2.564) e positivos (225) já registrados neste ano.
LIRAa
O primeiro LIRAa (Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti) de 2024 foi divulgado pela Prefeitura no dia 31 de janeiro e o resultado apontou alto risco de epidemia de dengue em Formiga, com índice de infestação predial de 7,5. A pesquisa foi feita entre os dias 22 e 26 de janeiro pelo Setor de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde.
As estatísticas indicam que índices de 0 a 0,9 enquadram os municípios em situação de “baixo risco”; de 1,0 a 3,9 é “médio risco” e acima de 4,0 é considerado “alto risco”.
De acordo com a Prefeitura, em um comparativo com janeiro de 2023, quando foi registrado índice de 6,8, houve um aumento de 0,7 no resultado do mesmo período deste ano.
“Com esse resultado em 2024, a Secretaria de Saúde constatou que, para cada cem imóveis existentes no município, 7,5 têm focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Além do índice de infestação predial, o levantamento mostra o ‘Índice de Breteau’. O resultado em Formiga foi de 9,0, o que indica que, para cada cem imóveis pesquisados durante o LIRAa, 9 deles possuem recipientes com larvas positivas. O levantamento foi realizado em 1.727 imóveis [residências, terrenos baldios, comércios e outros]. Muitos focos foram encontrados nas residências, 78,29% do total”, informou.
Ações de combate
A Prefeitura pede à população formiguense que intensifique as ações de combate ao mosquito transmissor. Segundo ela, a equipe de Endemias está atuante na cidade. “No entanto, é necessário que a população se sensibilize e entenda que a melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, eliminando água parada que pode se transformar em possível criadouro, seja em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e, até mesmo, em recipientes pequenos, como tampas de garrafas”, informou.
Minas Gerais é o campeão nacional de casos de dengue
De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, Minas Gerais segue liderando como o estado com mais casos de dengue. Até o dia 4 de março, o estado mineiro registrou 406.999 casos suspeitos de dengue e 144.319 confirmados. Conforme notícia do jornal “Estado de Minas”, os números estão crescendo semanalmente em torno de 30%. “Se esse cenário persistir e cada semana tiver 30% mais casos, Minas Gerais poderá ter 317 mil confirmados nos próximos dias”, informou.
Até o momento, o estado tem 44 mortes confirmadas por dengue e 265 estão em investigação. Em relação à febre Chikungunya, foram registrados 42.406 casos prováveis da doença, dos quais 26.621 foram confirmados. São nove óbitos confirmados e 26 estão em investigação. Quanto ao vírus Zika, foram registrados 67 casos prováveis, sendo cinco já confirmados. Não há óbitos confirmados ou em investigação por Zika em Minas Gerais.
No dia 27 de janeiro o Governo de Minas decretou estado de emergência em saúde pública por causa da quantidade de casos registrados da dengue. A medida vale por até 6 meses.
No Brasil
Além de Minas Gerais, oito estados brasileiros já decretaram situação de emergência em saúde por dengue: Acre, Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. Se os casos da doença continuarem aumentando, o Governo Federal está perto de decretar estado nacional de emergência.
Segundo o Ministério de Saúde, até o momento, o Brasil tem 299 mortes confirmadas por dengue em 2024. O país também registra 1.253.919 casos prováveis da doença ao longo deste ano.
A pasta divulgou que já são 9.996 casos graves da doença. Ainda estão sob investigação 765 óbitos.
Ao portal “UOL”, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que alguns estados desejam ampliar a faixa etária para vacinação da dengue. Em coletiva de imprensa, Trindade esclareceu que gestores estaduais gostariam de iniciar a vacinação de adolescentes entre 12 e 14 anos. Atualmente, o cronograma brasileiro orienta a vacinação para a faixa etária de 10 a 11 anos.
A dengue é considerada epidêmica quando as infecções atingem 300 casos para cada 100 mil habitantes. No país, a taxa de incidência já chega a 597 casos por 100 mil habitantes.
Transmissão e sintomas
A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A infecção por dengue pode ser assintomática, leve ou causar doença grave, levando à morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Na fase febril inicial da doença pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, entre outros sintomas.