Homem de 29 anos baleado pela PM nos Quartéis morre na UPA

Segundo o 63º Batalhão de Polícia Militar em Formiga, Guilherme Costa Teixeira tentou ‘atropelar’ militares ao fugir de uma abordagem policial

Homem de 29 anos baleado pela PM nos Quartéis morre na UPA
A abordagem policial ocorreu na noite de quinta-feira, dia 13, na Rua Sete de Setembro




O jovem Guilherme Costa Teixeira (Gui), de 29 anos, que trabalha em serviços autônomos, foi baleado por um policial militar e morto na noite desta quinta-feira, dia 13, na Rua Sete de Setembro, no Bairro Quarteis. Segundo o 63º Batalhão PM em Formiga, o fato aconteceu após ele tentar fugir de um cerco policial. O caso, que foi rapidamente divulgado e compartilhado nas redes sociais, gerou revolta entre os internautas e, na tarde desta sexta-feira, dia 14, a Polícia Militar divulgou nota explicando o acontecimento.

De acordo com o Batalhão, por volta das 20h20 de quinta-feira, uma guarnição da Polícia Militar realizava patrulhamento preventivo pela Rua Sete de Setembro, quando visualizou um homem de 29 anos, tendo o identificado de imediato como um indivíduo já conhecido no meio policial pela prática de vários crimes e alvo de inúmeras denúncias recebidas pelo Disque Denúncias 181. “Ao perceber a presença policial e a iminente abordagem, o indivíduo agiu de forma suspeita, iniciando uma corrida em direção a uma motocicleta Honda XRE 300 prata, que estava estacionada no sentido contrário ao que os policiais seguiam. Diante da fundada suspeita e do comportamento daquele indivíduo, os militares decidiram proceder a abordagem, mas ele colocou o capacete na cabeça e subiu na motocicleta, a fim de evadir. Foi determinado pelos policiais que ele desligasse o veículo e levantasse as mãos para ser abordado, mas, mesmo com a possibilidade de acatar as ordens de parada ou até mesmo evadir em direção contrária aos militares, o indivíduo optou em direcionar a motocicleta contra o policial, no intuito claro de atentar contra a integridade física dos militares por meio de atropelamento. Diante das circunstâncias e para repelir a iminente agressão com risco de vida ao militar, um dos policiais realizou um único disparo, que veio a atingir o autor no abdômen. Ressalta-se que, mesmo após o condutor ter sido alvejado, devido à velocidade que já havia sido empreendida, a motocicleta atingiu a perna do militar que efetuou os disparos”, divulgou a PM.

De acordo com a polícia, o autor foi imediatamente socorrido com vida e levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para ser atendido pela equipe médica de plantão, no entanto, veio a óbito. 

O Batalhão informou ainda que o local da abordagem foi devidamente preservado, a perícia técnica realizou os seus trabalhos e a motocicleta foi recolhida ao pátio do serviço de guincho. Agora, foi instaurado um Inquérito Policial Militar para apuração dos fatos.

 

Reações na internet

Após o acontecido, o Tenente Sócrates concedeu entrevista para o jornal “93 Play” e o vídeo foi divulgado pela emissora de rádio nas redes sociais. Nele, o militar relata o ocorrido: “A equipe tático móvel estava passando próximo à Rua Sete de Setembro e se deparou com um indivíduo conhecido no meio policial, indivíduo este que tem diversas passagens por tráfico de drogas, rixa em direção perigosa, são inúmeras as passagens, a ficha dele é bem extensa, então os policiais conhecem o indivíduo, sabem desse envolvimento dele com o crime. Decidiram realizar a abordagem. O indivíduo, em um primeiro momento, estava a pé. Assim que percebeu que iria ser abordado, ele acelerou o passo, correu em direção à motocicleta dele, que é uma XRE, montou nessa motocicleta e os policiais militares em uma técnica de abordagem, conhecida como técnica triangular, se aproximaram com a arma em riste, determinando ao cidadão que descesse da motocicleta afim de ser abordado. Ele não acatou as determinações que foram emanadas pelos policiais militares. Ao contrário, empreendeu fuga utilizando a motocicleta como um instrumento para facilitar essa evasão. Ele tinha a opção de evadir em sentido contrário de onde os policiais militares se aproximaram, mas optou por jogar a motocicleta na direção de um dos policiais e não havendo outra alternativa o policial militar fez o disparo de arma de fogo para repelir aquela injusta agressão. Ele foi alvejado, e mesmo depois de alvejado a motocicleta ainda atingiu a perna do policial militar. Ele foi socorrido imediatamente pela própria guarnição, levado ao hospital com vida. Foi intubado, teve todos os primeiros socorros, mas infelizmente não resistiu e veio a óbito.”

Muitas pessoas reagiram negativamente ao relato sobre o caso. Populares agora pedem que imagens de câmeras de segurança no local sejam divulgadas para confirmar a versão da Polícia Militar.

 

Defesa de Guilherme

A morte de Guilherme pela Polícia Militar tem sido alvo não somente de críticas nas redes sociais como de questionamentos da família da vítima. O advogado Eduardo da Silva Gonçalves, que defendia Guilherme na Justiça e agora atuará como representante da família, enviou nota de esclarecimento para a imprensa sobre o caso.

Eduardo afirma que a alegação sobre a agressão de Guilherme contra o PM não se justifica, já que não há qualquer informação sobre atendimento médico ao militar. Ele também questiona a informação sobre a posição de triangulação adotada no momento da abordagem e diz ainda que o que se espera agora é que “se proceda uma apuração rápida, eficaz, isonômica e imparcial do ocorrido, para que se possa obter a derradeira Justiça, observados os Princípios Constitucionais da Ampla Defesa, Contraditório e Devido Processo Legal, bem como a exemplar punição dos envolvidos, caso comprovado delito doloso ou culposo”.

A nota trata ainda da informação sobre a ficha criminal de Guilherme e que problemas de “cunho pessoal” entre a vítima e a PM já vinham acontecendo. “Em se tratando da alegação de que o Sr GUILHERME COSTA TEIXEIRA era indivíduo conhecido no meio policial, com extensa ficha criminal, tal fato deve ser objeto de apreciação pela Autoridade Judiciária, e não objeto de valoração pela Guarnição Policial em campo, e, ainda que assim não fosse, tais elementos não justificariam a adoção de medida contra a vida do mesmo. Lado outro, o Sr GUILHERME COSTA TEIXEIRA vinha sofrendo, há certo tempo, constantes ações policiais injustificadas, inclusive com dano a seu patrimônio pessoal por Policial Militar lotado no 63º Batalhão de Polícia Militar, conforme vídeos e fotografias já comunicadas ao Poder Judiciário em procedimento sigiloso, mostrando que havia certo ar de vendetta contra o mesmo, posto que, ao notarem que estavam sendo filmados por câmeras de vigilância instaladas na porta de sua residência, um dos militares procedeu à retirada de uma das câmeras, dando a impressão, ao menos superficialmente, de que se poderia haver questões de cunho pessoal contra o mesmo”, diz a nota.

 

 

Guilherme Costa Teixeira levou um tiro e não resistiu