Jovem com a ‘pior dor do mundo’ será atendida por médico formiguense

Wellerson Sabat, que atua no Instituto de Neurocirurgia e Coluna de Formiga, deu esperança para a bambuiense Carolina Arruda, que viralizou recentemente na internet ao iniciar uma vaquinha para arrecadar dinheiro para fazer eutanásia na Suíça

Jovem com a ‘pior dor do mundo’ será atendida por médico formiguense
O médico formiguense Wellerson Sabat - Foto: Redes Sociais/Reprodução




O neurocirurgião formiguense Wellerson Sabat, que atua no Instituto de Neurocirurgia e Coluna de Formiga (Incfor), localizado na Rua Benjamin Constant, no Bairro Rosário, irá atender, no dia 18 de julho, a bambuiense Carolina Arruda, de 27 anos, que tem a “pior dor do mundo” por sofrer de neuralgia do trigêmeo. A jovem, que é estudante do curso de medicina veterinária, viralizou na internet recentemente ao iniciar uma vaquinha com o objetivo de arrecadar R$150 mil para fazer eutanásia na Suíça. O suicídio assistido é proibido no Brasil.

Há 11 anos, Carolina convive com a doença. Ao longo dos últimos anos, ela passou por quatro cirurgias, se consultou com 70 médicos e testou mais de 50 medicamentos.

O médico formiguense, que é filho de Júlio Maria Rodrigues, mais conhecido como Bil da lavanderia, e Dineuza Maria Rodrigues, tem 31 anos e foi criado no Bairro Lajinha e na Vila Carmelita. Ele se formou em medicina em março de 2017, pelo Instituto Universitário de Ciências de la Salud Fundacion Héctor A. Barceló, em Buenos Aires, na Argentina, e revalidou o diploma pela UFMG. A especialização em neurologia ele fez dos 23 aos 28 anos.

Wellerson, que atenderá a bambuiense em seu consultório em Formiga, concedeu entrevista ao jornal “O Tempo” sobre a doença. Ele deu esperança sobre o caso e afirmou que é possível levar uma vida sem dores, mesmo com o diagnóstico de neuralgia do trigêmeo.

Segundo o neurocirurgião, ainda há procedimentos a serem testados para esse caso.

“Ainda existem algumas opções terapêuticas que não foram realizadas para o caso específico da Carol. Um exemplo são as técnicas onde são utilizados dispositivos implantáveis com eletrodos posicionados juntos de certas estruturas nervosas que estimulam eletricamente as mesmas. Através dessas técnicas específicas, podemos controlar a dor em um número considerável de pacientes”, disse Wellerson.

Ainda de acordo com o médico, esses tratamentos se diferenciam dos demais porque são direcionados a casos muito específicos e refratários e, quando corretamente indicados, apresentam ótimos resultados para o controle da dor. O neurocirurgião formiguense contou que deverá ser feita uma revisão minuciosa dos sinais e sintomas atuais da jovem. Ele explicou que um exame físico completo é fundamental e que, eventualmente, poderá haver a realização de novos exames complementares para tirar qualquer dúvida sobre o diagnóstico.

 

A doença

 

De acordo com o Hospital Albert Einstein, a neuralgia do trigêmeo provoca uma dor forte na região do rosto, por onde passa o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade tátil, térmica e dolorosa da face. A dor pode ocorrer várias vezes ao dia, com intervalos variados.

No entanto, conforme disse Sabat, é possível ter uma vida sem dores constantes, mesmo com o diagnóstico. “A grande parte dos pacientes com esse diagnóstico possuem uma boa resposta ao tratamento, o que proporciona uma melhora da qualidade de vida. São raros os casos onde não há resultados satisfatórios apesar do uso de diversos métodos terapêuticos.”

O neurocirurgião afirma que Carolina Arruda apresenta um quadro, segundo relatado por ela nas redes sociais, que se caracteriza pela atipicidade, o que faz os profissionais pensarem em quadros mais complexos. “Isso traz outras possibilidades de diagnósticos que poderiam ter uma resposta favorável com técnicas de neuroestimulação de certas estruturas pontuais do sistema nervoso.”

O médico explicou que há casos em que a resposta do tratamento é excelente. Em outros, cirurgias podem ser uma opção de cura.

Sobre a nova técnica para tratar a sua doença, a bambuiense disse que vai tentar o atendimento dependendo da margem de sucesso. “Tudo vai depender do que eles me apresentarem, porque se for uma terapia que não tem muitas chances de sucesso, não tem muitos estudos, eu não vou me arriscar e me submeter a mais tipos de cirurgia. Então, eu tenho que avaliar bem a proposta, a condição. O médico ainda tem que me passar as informações", afirmou a paciente.

Atualmente, a jovem está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Alfenas, onde também tentará um tratamento para diminuir as dores constantes e intensas da neuralgia do trigêmeo.

Segundo C arolina relatou ao jornal “O Tempo”, ela é casada há três anos e mãe de uma menina de 10. Começou a sentir as dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperava de dengue.

diagnóstico da 'pior dor do mundo' foi feito há 7 anos pelo neurocirurgião Marcelo Senna, que tem mais de 30 anos de experiência com a neuralgia do trigêmeo. Senna foi procurado por Carolina, na época com 20 anos, quando ela já convivia com as dores há quatro anos e já tinha passado por vários médicos.

Anos antes, Senna já tinha dado o mesmo diagnóstico para o bisavô de Carolina.


A bambuiense Carolina Arruda, que convive com a ‘pior dor do mundo’ há 11 anos - Foto: Redes sociais/Reprodução