Nefrocentro de Formiga apoia campanha nacional ‘A Diálise Não Pode Parar’
Iniciativa foi lançada pela Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante devido as dificuldades financeiras enfrentadas pelo setor

O Nefrocentro, que existe há 30 anos em Formiga e conta atualmente com cerca de 200 pacientes do município e de outras 11 cidades [Córrego Fundo, Arcos, Lagoa da Prata, Bambuí, Iguatama, Itapecerica, Pains, Pimenta, Japaraíba, Medeiros e Tapiraí], está apoiando a Campanha Nacional “A Diálise Não Pode Parar”. A iniciativa foi lançada pela Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante [ABCDT], que representa mais de 830 clínicas de diálise que atendem pacientes renais do SUS e privados em todo o país e enfrentam dificuldades financeiras.
Conforme noticiou o portal “Conexaoin”, a campanha busca sensibilizar entidades públicas e privadas sobre a necessidade de assegurar mecanismos efetivos de financiamento para os procedimentos de diálise, tanto por parte do Governo Federal quanto por meio da ampliação do cofinanciamento com os estados, considerando a complexidade dos processos e seus custos elevados.
“A diálise permite que pacientes renais crônicos continuem a viver, porém o acesso ao tratamento no Brasil está aquém das necessidades do nosso sistema de saúde. Para que esses pacientes tenham uma vida produtiva para além de seu diagnóstico, precisamos transpor desafios que hoje são enfrentados no acesso ao tratamento desta doença”, disse o presidente da ABCDT, Yussif Ali Mere Júnior, ao portal.
Dados da ABCDT mostram que 87% da oferta do tratamento para os pacientes do SUS no Brasil é realizada por meio do atendimento em clínicas particulares conveniadas, em sua maioria representadas pela associação. Mas as clínicas dependem dos recursos recebidos para se manterem e melhorarem a qualidade do tratamento.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), há 155 mil pacientes renais em diálise no país. Outras 21 milhões de pessoas convivem no país com algum comprometimento da função renal.
Segundo a ABCDT, esses pacientes não podem deixar de dialisar três vezes por semana durante toda sua vida; não podem esperar por uma vaga se abrir em clínica de diálise; não podem esperar para ter acesso às terapias mais modernas, que concederiam uma melhor qualidade de vida e até sobrevida e não podem esperar meses para conseguir confeccionar a fístula arteriovenosa que viabiliza o tratamento definitivo. “‘E as clínicas não podem esperar também para receber o repasse das secretarias de saúde pelo tratamento prestado. Nos últimos dois anos, o Ministério da Saúde se sensibilizou e nos concedeu dois pequenos reajustes, mas ainda assim enfrentamos dificuldades financeiras e não conseguimos fazer investimentos. O recurso enviado a Estados e Municípios pelo Governo Federal não chega prontamente às clínicas, já que alguns gestores públicos regionais, muitas vezes, não fazem o devido repasse em até 5 dias úteis, conforme os artigos 303 e 304, da Portaria de consolidação número 6, do Ministério da Saúde. Isso gera dívidas que chegam a milhões de reais, inviabilizando a operação dos centros de diálise”, ressaltou a associação, que acrescentou: “Tudo o que nós queremos é dar aos nossos pacientes um tratamento humanitário com qualidade. Para que isso aconteça, muitas vezes acabamos fechando no vermelho. Ainda existem muitas cidades e estados que não têm cofinanciamento e isso precisa mudar. As pessoas têm direito a um bom tratamento. Essa é a nossa batalha”.
Em Formiga
Em Formiga, o Nefrocentro aderiu à campanha junto aos seus pacientes e tem compartilhado nas redes sociais os conteúdos da iniciativa e as reivindicações do setor. Um dos pacientes atendidos no Nefrocentro que apoia a causa é o padre José de Castro Lima, da Paróquia Sagrada Família, de Córrego Fundo.
“Faço hemodiálise no Nefrocentro Formiga há dois anos e meio. Graças a este tratamento, pude retornar a minha atividade religiosa, exercendo o meu ministério sacerdotal. Peço as autoridades competentes que legislam a favor destes centros de hemodiálise distribuído em todo território nacional. Nós estamos falando de vidas que vivem por causa da hemodiálise. Muitas pessoas não levam em conta esta possibilidade na sua vida. Eu peço como vítima desta enfermidade que vocês, autoridades constituídas, cuidem destas pessoas que são vítimas desta doença. Nós precisamos do apoio de vocês para ter um final de vida mais digno. Obrigado e que vocês fiquem sensibilizados com a nossa realidade na hemodiálise”, disse José de Castro.
Outra paciente do Nefrocentro, Carmem, de 68 anos, que mora em Lagoa da Prata, também falou sobre a campanha. “Faço hemodiálise há dez anos. Peço que ela não pare. Nós não podemos deixar isso acontecer. Nós precisamos do Centro Nefrológico, precisamos dos funcionários que nos tratam tão bem. Todos que nos recebem com tanto carinho. Eu quero a hemodiálise, porque com ela eu consigo curtir meus filhos, curtir os meus netos, que são meus tesouros. Sem ela, eu não terei mais isso. Então, a hemodiálise não pode parar”.
Dia Nacional da Diálise
Em comemoração ao Dia Nacional da Diálise [29 de agosto], o Congresso Nacional recebeu iluminação azul e vermelha na quinta e sexta passadas. O objetivo da data é conscientizar sobre as doenças renais, os fatores de risco, as comorbidades e a diálise como mecanismo para prevenir o agravamento das doenças.
A doença renal
A doença renal crônica (DRC) é caracterizada pela diminuição da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. Muitas vezes, ocorre em consequência de outras comorbidades, como hipertensão e diabetes, além de doenças autoimunes como o lúpus. “As doenças renais são lentas, elas são progressivas e muito silenciosas. O que eu quero dizer com isso? Não apresentam nenhum sinal nas suas fases mais iniciais, somente nas suas fases mais avançadas. Por isso é tão importante identificar essas doenças tão precocemente. Temos que estar muito atentos aos fatores de risco e sempre que possível corrigi-los ou cuidar para que eles sejam administráveis na jornada progressiva da doença. Isso é muito importante”, explica Dr. André Pimentel, nefrologista e diretor médico na ABCDT.
E quando o comprometimento dos rins é maior, a Terapia Renal Substitutiva (TRS), mais conhecida como diálise, se faz necessária.