O PIB na mesa

“Ninguém come PIB, come alimentos”. A frase da economista Maria da Conceição Tavares, falecida em junho do ano passado, se encaixa perfeitamente no atual momento econômico do Brasil.
Na última sexta-feira (7), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro apresentou variação positiva de 0,2% no 4º trimestre de 2024 frente ao 3º e encerrou o ano com crescimento de 3,4%. Essa é a maior taxa anual do PIB, desde 2021.
Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 11,7 trilhões no período.
O PIB per capita, por sua vez, chegou a R$ 55.247,45, com avanço real de 3,0% frente ao ano anterior.
Ainda segundo dados do IBGE, as variações positivas no desempenho do PIB vieram dos Serviços e da Indústria, com crescimento de 3,7% e 3,3% respectivamente, comparado a 2023. Já a Agropecuária, na mesma comparação, sofreu queda de 3,2%, justificada pelo fraco desempenho da Agricultura, que suplantou a contribuição positiva da Pecuária, Produção Florestal e Pesca. Efeitos climáticos adversos que impactaram culturas importantes da lavoura, como a soja e o milho, explicam o resultado.
O PIB é um dos indicadores mais importantes do desempenho da economia. No entanto, o crescimento da nossa economia no ano passado aparece ofuscado pela inflação dos alimentos.
O custo de vida tem ficado comprovadamente mais alto. Em 2024, o grupo Alimentação e Bebidas do IPCA registrou uma alta de 7,69% e foi o índice que mais subiu, responsável por mais de um terço da inflação do país
O cidadão comum tem sentido o gosto amargo é na mesa. Para este, o avanço do PIB é apenas um número.
Resta saber se a proposta do governo de zerar o imposto para importação de diversos alimentos, anunciada na quinta-feira passada, será eficiente para reduzir os preços dos alimentos ao consumidor.
Economistas, esses ‘vivinhos da Silva', ainda veem com reserva a medida e alguns acreditam que trará apenas ‘alívio momentâneo’. Vamos aguardar...