Opinião: Eu!

AC de Paula (de São Paulo)

Opinião: Eu!
AC de Paula é dramaturgo, poeta e compositor




Nasci em São Paulo Capital, na Praça da Árvore, a 300m da atual estação do metrô, e fui criado na periferia da Freguesia do Ó nos anos 1950. Lembro-me da chuva de prata no Vale do Anhangabaú e dos pedacinhos de papel laminado caindo do céu na comemoração do IV centenário da cidade em 1954, e do meu Timão sendo campeão, o que só aconteceria 23 longos anos depois. Ouvi o Brasil ser campeão do mundo em 1958, num radinho de pilha, enquanto vendia laranjas na feira livre da Rua Conselheiro Furtado, no Bairro da Liberdade.
Com 15 anos, eu tomava conta de uma loja que minha mãe abriu na Avenida Itaberaba e jogava na ponta esquerda do time da minha vila. Não era um craque da bola, mas nunca fui um perna de pau. Em 1967 me formei em química industrial e abri uma empresa de perfumes e cosméticos. Em 1970 perdi tudo, pois a firma ficava em uma região que foi totalmente alagada. Depois disso aprendi a não fazer muitos planos e tenho pressa em fazer tudo a que me proponho, pois ontem ainda não era hoje e agora já é quase amanhã.
Fui vendedor viajante de embalagem de papel (sacos e bobinas), vendi curso de inglês, comprava livros no atacado e vendia no varejo. Estudei paisagismo fiz alguns jardins e plantei muito gramado, vendi mudas de flores na feira. Fui vendedor de livros jurídicos na Editora Saraiva, onde fui campeão de venda por três meses consecutivos e ganhei certificados, cartões de prata, um diploma e o troféu da ADVB. E claro, alguma grana também, fui angariador, avaliador e corretor de imóveis.
Em 1978, tive minha primeira música gravada, era o tempo do vinil e da fita K7 e a música teve mais de 200 mil cópias vendidas, e mais de 15 regravações. Em 1981, tive a terceira música gravada que fez parte da trilha de um filme estrelado pela cantora Rosemary e por John Herbert, e também ganhou disco de ouro. Tive músicas tocadas em todas as estações de rádio e em todos os programas musicais de TV da época. Já fiz, disputei e nunca ganhei, samba enredo para a Vai Vai e Nenê de Vila Matilde. Já cantei na quadra da Peruche.
Formei-me em Direito em 1980, fui gerente de vendas e advogado em alguns escritórios imobiliários. No ano de 1987, gravei duas músicas com o cantor Jair Rodrigues. Tenho poucos amigos e amizades de 15, 20, 30 e de mais de 40 anos. Gosto de rabiscar versos e escrever letras de música. Desde 2006, trabalho em meu próprio escritório. Fiz pós de Direito Imobiliário na FMU. Sou compositor mesmo sem ser músico, e não tenho rótulo, já fiz samba, valsa, samba rock, toada, canção, tango, ciranda, forró, sertanejo, bolero e frevo. Fui classificado e já venci alguns concursos literários e festivais de MPB. Já fui jurado em concurso de poesias. Tenho como parceiros grandes compositores e intérpretes de MPB.
Já lancei livros na Bienal Internacional do Livro em São Paulo, e tenho 9 livros publicados. Faço palestras sobre literatura, música e poesia para educadores e crianças. Escrevi e produzi a peça teatral “A Dama de Azul”, que fará a terceira temporada em novembro deste ano no Teatro do West Plaza Shopping SP. Participei do conceituado curso Clipe Poesia 2020 na Casa das Rosas em SP. Tenho artigos publicados na Coluna Opinião do Jornal O Pergaminho, de Formiga, MG.
Durante a quarentena, não tive tempo para morrer de tédio, fiz cursos, participei de saraus de poesia, fiz audiências e fui jurado de festival de MPB online. Sou teimoso (dizem), um pé no saco como todo leonino que se preze, não tenho paciência com gente que pensa a zero por hora. Meu mantra é alcançar o que eu quero sem ofuscar ou prejudicar quem quer que seja. Tenho 4 filhos, 10 netos, 3 bisnetos, 3 enteados. Não gosto de frio, adoro praia, e sou meio da pá virada, se mandar calar eu berro. Nunca me imaginei ter 50 anos e já emplaquei 75, mas só até o próximo dia 9 de agosto.
Já fui assaltado 4 vezes a mão armada, a primeira delas na cidade maravilhosa, em todas as vezes recuperei o carro, de todas as vezes fisicamente só levei uma pisada no dedão do pé. Tenho um verdadeiro batalhão de anjos da guarda. Não tenho nenhum osso quebrado, os dentes são os que vieram de fábrica, sou titular no time da Tia Betes e da Hiper Tensão. Em 2014 passei por uma intervenção cirúrgica no coração, uma semana depois estava no palco do teatro do Parque São Jorge defendendo minha música no Festival Canto Por Ti Corinthians. Nunca fiz análise, não tenho traumas de infância, tive uns dois anos de depressão, mas reagi, acordei e voltei à luta enfrentando meus dragões. Não fecho com a injustiça! Torço para o Timão desde quando ele era chamado de FAZ-ME RIR, quando a zoeira era grande e a gente não tinha Estádio, nosso endereço era Marginal sem número, não tínhamos Libertadores e nem Mundial e mandávamos jogos no Pacaembu. Me chamam por Antônio, Tony, Tonho, ToTô, Tônico, Carlos, Carlinhos, Carlão, Carlito, Charles, Antonio Carlos e AC. Este sou eu segundo eu mesmo.