Opinião: Formiga e a monarquia
Lúcia Helena Fiúza (de Belo Horizonte)

No sábado passado, dia 6, dei uma passeada pelo Centro de Formiga e fiquei impressionada com a quantidade de lojas, bares e restaurantes com a televisão ligada na coroação do Rei Charles III da Inglaterra. Todo mundo querendo informações do novo monarca do Reino Unido e de sua Camilla Parker, a nova Rainha.
Acho esse negócio de rei e de rainha de uma breguice e bobagem descomunal, cafonérrimo, mas reconheço que as pessoas ficam curiosas. Só que acredito que se um ET que tenha dado as caras lá pelo ano 1000 tivesse voltado a visitar Londres no último final de semana, ele notaria facilmente que o pessoal por lá não evoluiu muita coisa.
Mas continuando sobre Formiga, eu que não gosto desse negócio de família real acabo acreditando que seria interessante se a Cidade das Areias Brancas fosse uma monarquia lá pela década de 1970, seria muito legal. A coroação do imperador Ninico Resente aconteceria na Matriz São Vicente Férrer.
Quem iria coordenar a solenidade seria o padre Clemente que, com seu jeitinho alemão, facilmente imporia ordem. Na hora do juramento, o Padre Cornélio é quem seguraria a bíblia e daria a bênção. A legalidade do ato estaria por conta dos juízes de Direito Yon Frassá Bonatto e João de Assis Aguiar. A decoração da Igreja ficaria por conta do Dinho Pautilho e o mestre de cerimônias, é claro, o experiente François Khouri.
Para a segurança do local, afinal todo coroação atrai curiosos, seriam convocados o coronel Carlos Augusto da Costa e o delegado Juquinha Veloso. O coral da Zeca do Bebeto, o Coral das Andorinhas, acompanhado pelo professor Franz Schubert no órgão de tubos iria entoar uma bela Ave Maria assim que Ninico adentrasse o Templo Sagrado.
Em posição de destaque estariam sentados nas primeiras filas os duques da Câmara dos Comuns Sílvio de Faria Belo, Vanderlei Pacheco e Pedro do Cantinho do Céu. Ao lado, os condes Lico Fernandes, Zigão da Casa Cruzeiro, Olemar do Córrego Fundo e Chiquinho do Ônibus e a marquesa Célia do Prado Couto. Os lordes José Wilson Oliveira, Ênio José Batista, Juarez Carvalho e Geraldinho do Saae estariam em destaque. O tenente Oscar Teixeira de Lima seria o ministro da Defesa, o professor Carlos Leite o ministro da Educação e o Doutor Nícias Soares Maia, da Saúde. Eduardo Brás ficaria com o cargo de primeiro-ministro. Quem traria a coroa seria o Vicentinho Cambista.
Terminados os trabalhos, Ninico desceria do átrio da Matriz, onde uma carruagem com os cocheiros José Rosinha e Luiz Pintadinho estariam esperando. Como naquele tempo ainda não havia canal de televisão local, tudo seria transmitido ao vivo pela “ZY-B6 Rádio Difusora Formiguense-AM”, com narração de Aureliano Landico Pinto e comentários de Mário Murari, Jackson Antônio e Toninho Torres. As entrevistas com os populares estariam a cargo de Claudinê dos Santos.
A fanfarra da Escola Normal ficaria na Praça São Vicente Férrer sob a coordenação do Sargento Amaro. Ela abriria o caminho assim que o Messias Mugango desse o primeiro sopro em seu trumpete. O Tiro de Guerra comandado pelo Sargento Batista faria o cordão de isolamento.
O cortejo sairia da São Vicente Férrer, passaria pela Rua Silviano Brandão, Praça Getúlio Vargas e chegaria à Rua Barão de Piumhi rumo à Prefeitura. A postos, o maestro José Eduardo da Corporação Musical São Vicente Férrer, carinhosamente conhecida como Furiosa, apresentaria o primeiro dobrado. Ninico subiria no edifício escoltado por Zé Silva, Amri Diniz e Fernando do Manuelito; da pequena sacada do segundo andar, ele acenaria aos súditos. O fotógrafo oficial teria de ser o Pedro Soraggi Retratista.
Depois de aplausos e foguetes, a festança continuaria no Restaurante Terrazzo, onde o Píula já teria contratado do som do Mauro da Tabacaria para abrilhantar as apresentações do conjunto “Ari Som 6” do grande cantor Ricardo Torres.
Na mesa principal recebendo o beija-mão, Ninico e sua linha sucessória: Iuri, Niquinho e Leonel.