Opinião: Por água abaixo!
AC de Paula (de São Paulo/SP)

Era uma vez, lá pros lados das tais plagas tupiniquins, lugar em que aconteciam coisas que Deus não duvidava, pois afinal ele sabia o tipo de gente que havia colocado ali. Por lá o poder era um doce de origem açoriana em formato de pequenos tijolos com sabor semelhante ao do açúcar mascavo, uma iguaria apreciada sem moderação por qualquer um que exercesse cargo público, e principalmente pelos políticos, que quando conseguiam se eleger jamais queriam abrir mão da mamata e por isso eles quebravam a dentadura mas não largavam a rapadura. Tinha até um governante que não descia jamais do palanque, era um eterno candidato, mas como ele próprio fazia questão de dizer, era ele quem mandava e por isso fazia exercer a sua autoridade.
O Art. 196 da Constituição Federal do tal país dizia que: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. No entanto as atitudes tomadas por ele desde o início de uma terrível pandemia do Covid19 revelava que ao menos para ele, a teoria na prática era muito diferente. Fingindo ignorar o protocolo a ser cumprido para que uma vacina fosse aprovada pelo órgão competente, ele meteu os pés pelas mãos seguindo no contra fluxo de atitudes necessárias.
Mesmo contra pareceres científicos afirmando a não comprovação de um tal medicamento chamado cloroquina, sua excelência tornou-se garoto propaganda do remédio ineficaz para o tratamento em questão. Seria talvez um sonho de infância ser astro de comercial? No entanto para contestar a compra pela federação da vacina produzida em parceria com um estado cujo governador era seu desafeto politico, ele se recusava a autorizar eventual compra alegando que a mesma não tinha eficácia comprovada. E pior ainda, por ela ser produzida na China!
No entanto os jornais noticiaram que: “Mesmo sem eficácia cientificamente comprovada, o Governo Federal pagou neste ano seis vezes mais pela matéria-prima importada da Índia para produzir cloroquina nos laboratórios das Forças Armadas do que desembolsou pela substância em maio de 2019. De acordo com levantamento da Folha de S. Paulo, a mesma empresa, sediada em Campanha (MG), vendeu o produto para o Comando do Exército e para o Ministério da Saúde, no intervalo de um ano, com uma diferença de 500%. O preço do quilo saiu agora por R$ 1.304, quase seis vezes aquele pago pelo Ministério da Saúde em contrato assinado em maio de 2019, quando o Governo Federal desembolsou R$ 219,98 por quilo. Nos dois casos, o sal difosfato, insumo da cloroquina, foi importado de um mesmo fabricante da Índia, o Laboratório IPCA. O Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército (LQFEx) comprou 500 quilos da matéria-prima, totalizando R$ 652 mil. O Exército adquiriu o produto sem licitação, e a compra faz parte das ações de enfrentamento à pandemia.”
Era assim que a banda tocava, e pelos poderes lhes concedidos pelo voto, ele o governante, era o dono da caneta e assinava ou não o que bem entendesse. Era um grande risco se a influencia politica fosse o fator determinante para a aprovação ou não da vacina produzida em parceria com empresa chinesa e o Instituto Butantã, em São Paulo. Para a impoluta, e para alguns, mítica figura, no entanto, o que estava em jogo infelizmente era simplesmente a sua permanência no poder, e ele devia ter mandado reforçar a dentadura para continuar roendo a rapadura, pois água mole em pedra dura, tanto bate até que um dia a paciência e a água acaba, e o sonho da reeleição foi por água abaixo! Moral dessa imoral história? Quem fala demais dá bom dia à cavalo e mesmo sendo ferrenho ilusionista do gado, perde a eleição!
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