Opinião: Quilombo Saracura
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Ao passar por essas bandas
Saberás onde pisa Quilombo Saracura
À beira do Ribeirão
Lá toquei tambor de congo
Pra minh'alma lavar
Tive abrigo e tive medo
Do sinhô e da sinhá
Que de certo mandariam
Capitão vim me buscar
Mas nem sempre apareciam
Pois com medo do confronto
Que haveria de encontrar
Era preto valente destemido a lutar.
Resolvi daqui pra frente
esse povo enfrenta
No terreiro do quilombo
muita gente a juntar
Dançando capoeira
com peixeira a cinturar
Era uma rua reta
Ao longo do ribeirão
Onde nasceu nosso samba
Pra moçada festejá
Hoje é um grande bairro
Lugar de adoração
Comemora tempos idos
Sofridos na escravidão
Tem por lá muitos dos nossos
Que continuam a lutar
Esse chão que hoje pisas
Peço a eles preservar
Quem passar pelo Bixiga
Vai ouvir Vai Vai cantar
Talvez seja em carnaval
Ou da escada a lavar
em louvor aos orixás.