Opinião: Revestido
Robledo Carlos (de Divinópolis)

Reveste-me em algodão e zelo a desfrutar-te em pêssego.
Sou revestido de carinho, de sueteres e puloveres xadrezes e coloridos.
Tudo se encaixa da forma aos olhos dos que me veem
Elmo de cobre, malha e cravos de ferro a tapar a cara.
Carrego no braço o brasão de templário.
A carapaça reveste a lágrima quando sangro.
De mim, pouco importa a casca que te reveste, de linho puro ou jeans de cafajestes
Folhar em espinhos o meu coração com punhal de prata a derramar o vermelho que o sagrado estampa.
Carrego o brilho que me causaste por tamanha luz de teu olhar.
Aqueço em braços que me embaraço e entrelaço em febris abraços
Envolto acorrentado em farpado e não poder tocar-te
Revisto-me em plástico que delimita a prole que viria
Ardo de olhos fechados a receber o sol da manhã com gratidão e respeito ao Maior.
Transpiro em medos de solidão.
Vestido da velha estampa em desbote pálido e já sem vida.
Cubro aquele que tem a veste humilde e carrega o sorriso em falhas.
Revisto a cópia de minhas mãos em teu belo rosto folheado em sorrisos.
Revisto-me
Cubro-me cantando em alegria e gradidão ao sagrado que tanto me diz, ao profano desnudo calado.