Pesquisador do Unifor participa do descobrimento de fenômeno mineralógico no Brasil
Tektitos, vidros formados pelas altas temperaturas geradas por impacto de grandes meteoritos na crosta terrestre, foram encontrados no Norte de Minas

O pesquisador Anísio Cláudio Rios Fonseca, que é o responsável pelo Laboratório de Mineralogia do Unifor-MG, está participando do descobrimento de um fenômeno mineralógico no Brasil. São os denominados Tektitos, vidros formados pelas altas temperaturas geradas por impacto de grandes meteoritos na crosta terrestre, que foram encontrados no Norte de Minas.
Segundo o pesquisador, que é também colaborador de “O Pergaminho”, essa é a primeira ocorrência de Tektitos no Brasil. “Atualmente, são conhecidos seis campos de dispersão de Tektitos: Austrália, Europa Central, Costa do Marfim, Norte-Americano, Belize e Uruguai. A ocorrência no estado de Minas Gerais levou a denominá-los como Geraisitos, o que definitivamente se torna a primeira ocorrência brasileira destes incríveis materiais e a sétima no mundo”, contou.
Os testes iniciais em amostras que se revelaram Tektitos foram feitos pelo Laboratório de Mineralogia do Unifor em conjunto com o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Astrobiologia, Gabriel Gonçalves. As amostras foram enviadas por um morador da localidade onde se descobriu os Tektitos.
“A pesquisa começou há cerca de dois anos, quando um participante de um grupo de meteorítica nos enviou amostras da região dele em Minas Gerais para que pudéssemos identificar o material. Fizemos no Unifor os primeiros ensaios de laboratório para ver se era Tektito. Aí, uma vez identificado como Tektito, o material continuou a ser analisado por um professor da Unicamp [Álvaro Crósta], em parceria com Ludovic Ferriere, que é curador do Museu de História Natural de Viena. Eles foram na localidade para identificar em campo e coletar amostras desse material. O local exato onde foram encontrados os Tektitos só será informado em publicação científica”, disse Anísio.
Segundo o professor, a participação do Unifor, através do Laboratório de Mineralogia, em uma descoberta desta magnitude é um feito de enorme relevância científica em termos mundiais e para a comunidade científica. “A parceria com o Dr. Gabriel Gonçalves e demais pesquisadores tornou tudo possível”, ressaltou.
Os Tektitos
De acordo com o pesquisador Anísio, os Tektitos são encontrados em campos de dispersão a centenas de quilômetros de distância da cratera de origem. “Genericamente, eles têm características únicas, sendo a principal delas o seu conteúdo extremamente baixo em água. São formados por altas temperaturas geradas por impacto de grandes meteoritos na crosta terrestre. A energia liberada é tão grande que funde as rochas locais e as espalha por quilômetros, sendo que as mesmas resfriam rapidamente no ar e adquirem formas aerodinâmicas. Externamente, são muito semelhantes às escórias de alto fornos, como os de siderurgia e calcinação, às obsidianas [rochas vítreas vulcânicas] e mesmo ao vidro comum, embora se apresentem corpos individualizados com formas aerodinâmicas”, explicou.
Segundo Anísio, Carlos Augusto Di Pietro, do Brazilian Meteor Observation Network (BRAMON), que é uma rede que rastreia bólidos por um sistema especializado de câmeras fixas e software em várias latitudes, ressaltou a grande importância da descoberta e seus primórdios, o que enriquece muito os conhecimentos de meteorítica e astronomia. “Em recente congresso, o professor Álvaro Crósta e Ludovic Ferriere também apresentaram dados dos novos Tektitos”, acrescentou.
Uma das amostras de Tektito
O local exato onde foram encontrados os Tektitos só será informado em publicação científica